São Paulo, domingo, 27 de outubro de 2002

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Garotinho quer ser 'oposição propositiva'

MURILO FIUZA DE MELO
DA SUCURSAL DO RIO

A provável eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), hoje, trará um situação política embaraçosa para o casal Garotinho nos próximos quatro anos. Para ter sua candidatura à Presidência viabilizada em 2006, o ex-governador Anthony Garotinho (PSB) depende fundamentalmente de um bom desempenho de sua mulher, Rosinha Matheus, à frente do governo do Rio e de um fracasso administrativo de Lula na Presidência.
Rosinha, por sua vez, não pode ser hostil a Lula, de quem precisa obter recursos federais para tocar projetos importantes ao Estado, como a extensão do metrô à Barra da Tijuca (zona oeste), a construção da refinaria do Norte Fluminense e a reativação da indústria naval.
Segundo assessores do casal, a concretização desses projetos e mais ações sociais compensatórias, como os restaurantes populares e o Programa Cheque-Cidadão, trarão a popularidade necessária para Rosinha pavimentar a campanha do marido em 2006.
"Qualquer que seja o projeto do PSB, é fundamental o desempenho político-administrativo do Rio. Se tivermos qualquer percalço aqui [no Rio] isso vai comprometer o processo geral", admite o vice-presidente nacional do PSB, Roberto Amaral.

"Oposição propositiva"
A situação política do casal se complica porque Garotinho tem deixado claro que não irá se comportar como um aliado a toda prova de Lula. O ex-governador já declarou que não pretende assumir nenhum cargo e que defende uma "oposição propositiva" ao petista.
O PSB não admite essa hipótese e, ao que tudo indica, participará do governo petista. "Não há hipótese [de fazer uma oposição propositiva]. A relações do PSB com o PT são orgânicas. Hoje, há um consenso dentro do partido de que nós temos responsabilidade com a governabilidade", diz Amaral.
Aliados de campanha de Garotinho afirmam que se o ex-governador quiser manter o discurso crítico a Lula só terá duas saídas a seguir: deixar o PSB ou conquistar a maioria do partido na eleição do próximo Diretório Nacional, que acontece em dezembro de 2003.
Numericamente, essa última possibilidade é viável. Os diretórios do Rio e São Paulo, controlados por aliados do ex-governador, têm a maioria dos delegados, que podem proporcionar a Garotinho o controle político do PSB.


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