São Paulo, quarta-feira, 27 de outubro de 2004

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CPI DA LOTERJ

Deputados do Rio aprovam relatório da comissão por unanimidade

Assembléia pede a prisão de Waldomiro e Cachoeira

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

O relatório da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Assembléia Legislativa do Rio que pede a prisão de Waldomiro Diniz e de Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi aprovado ontem por unanimidade na Assembléia Legislativa do Rio. Os 58 deputados presentes à sessão votaram a favor do relatório.
Mulher do deputado federal André Luiz (PMDB-RJ), acusado de tentar extorquir Cachoeira, a deputada estadual Eliana Ribeiro (PMDB) votou a favor do relatório. Ela não quis dar entrevistas.
Além do pedido de prisão, o relatório da CPI da Loterj (Loteria do Estado do Rio de Janeiro) acusa Waldomiro Diniz, ex-assessor da Casa Civil da Presidência, de ter supostamente cometido sete crimes, entre eles corrupção passiva, improbidade administrativa, condescendência criminosa e formação de quadrilha.
Com a decisão da Assembléia, o relatório final e os documentos arrecadados pela CPI serão enviados ao Ministério Público do Estado do Rio, ao Ministério Público Federal, à PF (Polícia Federal) e ao TCE (Tribunal de Contas do Estado), para a abertura de inquéritos e investigações. Ao Ministério Público caberá decidir se enviará à Justiça o pedido das prisões temporárias de Waldomiro e de Cachoeira. A Justiça pode acatar ou negar o pedido, caso ele venha a ser apresentado.

Suspeitas
De acordo com a revista "Veja" desta semana, gravações mostram o deputado André Luiz tentando extorquir R$ 4 milhões de Carlinhos Cachoeira para que o relatório da CPI não fosse aprovado no plenário. O dinheiro, segundo a revista, seria dividido entre 40 deputados, que votariam contra o relatório. A gravação foi feita por Cachoeira, empresário de jogos. Por causa da suspeitas lançadas sobre o trabalho da CPI, o presidente da Assembléia, deputado Jorge Picciani (PMDB), marcou a votação para ontem, em sessão extraordinária.
Compareceram à sessão 58 dos 70 deputados. O deputado Alessandro Molon (PT) saiu do plenário para não votar e para não contrariar a bancada de seu partido, favorável à apreciação imediata do relatório pelo plenário. Molon discordou da antecipação da sessão, prevista inicialmente para a semana que vem.
A Loterj é uma autarquia vinculada ao governo estadual. Waldomiro Diniz a presidiu de fevereiro de 2001 a dezembro de 2002. A CPI foi aberta logo após a divulgação do vídeo que mostrava Waldomiro pedindo a Cachoeira contribuições para campanhas eleitorais e um percentual sobre o valor combinado para si mesmo.
Waldomiro foi afastado do governo federal após a divulgação da gravação, em fevereiro. Na época da conversa com Cachoeira, em 2002, ele presidia a Loterj.
De autoria dos deputados Luiz Paulo Corrêa da Rocha (PSDB) e Paulo Melo (PMDB), o relatório da CPI concluiu que Cachoeira teria praticado os crimes de formação de quadrilha, extorsão e corrupção ativa e fraudou a Lei das Licitações. Mais oito pessoas foram acusadas pela CPI de terem cometidos crimes na autarquia.
A lisura do trabalho da CPI voltou a ser defendida por seu presidente, o deputado Alessandro Calazans (PV). "Se a CPI termina em pizza, dizem que os deputados foram aliciados, corrompidos. Se termina, como a nossa, com a suspensão de contratos e pedidos de prisão, também somos atacados. Isso é lamentável", declarou.


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