São Paulo, quarta-feira, 27 de outubro de 2004

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SÃO PAULO

"Vamos fazer o enxugamento para prestigiar os funcionários de carreira", diz tucano

Serra promete demitir assessores do PT contratados sem concurso

CATIA SEABRA
RICARDO BRANDT
DA REPORTAGEM LOCAL

Líder nas pesquisas na eleição paulistana, o tucano José Serra disse ontem que, se eleito, demitirá os ocupantes dos cargos de confiança (não-concursados) criados no governo de Marta Suplicy. Segundo o candidato, foram gastos R$ 200 milhões nos últimos dois anos com a contratação de "militantes do partido [PT] não para trabalhar na Prefeitura. Mas em campanha política".
"Vamos cortar isso", disse Serra, em entrevista à rádio Eldorado: "Vamos fazer o enxugamento para prestigiar os funcionários de carreira e contratados, como em creches e no combate à dengue".
Pelos dados da Secretaria de Gestão Pública, de 2001 até julho, foram criados 2.142 cargos de confiança. Em 2001, a folha consumiu R$ 3,5 bilhões. Ano passado, foram R$ 4,3 bilhões, sendo que foram contratados 28.189 servidores por concurso no período. Descrevendo um cenário complicado, "em que se está atrasando pagamento por todo lado", Serra diz que cortará desperdícios.
Na entrevista, manifestou preocupação com o risco de a prefeitura não pagar o 13º salário ou os fornecedores. O tamanho do déficit, que calcula em R$ 1 bilhão, só será conhecido depois de aberta "a caixa preta" a que chamou a administração municipal. Até o final desta edição, o comitê de campanha de Marta Suplicy ainda não tinha se manifestado.
Citando Franco Montoro e Mário Covas como exemplos, Serra disse que o PSDB tem currículo para recuperação de contas. Subiu o tom quando um jornalista disse que Marta sucedera Celso Pitta. Dizendo que o jornalista reproduzia os argumentos de Marta, Serra condenou o crescimento do déficit após a saída de João Sayad da Secretaria de Fazenda: "Tiraram Sayad. Entrou o aparelhismo partidário e o déficit foi crescente, eu te devolvo a pergunta. Por que no primeiro ano teve superávit, no segundo R$ 250 milhões de déficit, no terceiro ano tem R$ 600 milhões de déficit, agora mais de R$ 1 bilhão? Seria interessante explicar isso para os seus ouvintes", retrucou.
Pouco depois, ao ser questionado sobre os argumentos petistas, de que o governo do Estado não implantara o bilhete único, apesar do pedido da prefeita, Serra disse que a jornalista comprara a "versão do PT": "A versão que eu tenho é que a prefeitura evitou que o governo do Estado entrasse para fazer junto o bilhete único para fazer sozinhos e poderem faturar eleitoralmente", disse Serra.
Como solução para os problemas de trânsito para a Grande São Paulo, Serra defendeu a criação de uma "autoridade metropolitana", uma empresa que, a exemplo da Sabesp, integraria no mesmo sistema os serviços de transportes nos municípios da região: "É mais racional, vai baratear: "Mas tem que deixar de lado vaidades. Vai ter que ter uma renúncia de poder para que tenha um órgão poderoso, para que tenha uma autoridade metropolitana de transportes".
Em resposta, a coordenação da campanha de Marta divulgou uma nota Serra de "difundir uma série de inverdades" para conter o crescimento da adversária. Segundo a nota, "os funcionários da Prefeitura, além de terem salários maiores do que os do Estado, continuarão a receber todos os seus salários em dia, inclusive o 13º. Os fornecedores também continuarão a ser pagos".
Quanto à área de tansporte, afirma a nota: " Nossa parte foi feita. A do Estado, não. O PSDB está há 10 anos no poder em São Paulo e sequer conseguiu integrar seus sistemas (trem, metrô e EMTU)".


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