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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ GUERRA FRIA
Polícia identifica três acusados de mandar confeccionar cartazes contra Bornhausen; vinculados ao PT, foram indiciados por racismo
Filiado ao PT diz ser autor de ataque a pefelista
CHICO DE GOIS
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA
A Polícia Civil do Distrito Federal identificou ontem três pessoas
acusadas de elaborar e mandar
confeccionar os cartazes que foram espalhados por Brasília, anteontem, nos quais o presidente
nacional do PFL, senador Jorge
Bornhausen (SC), aparece em
uma fotomontagem vestindo um
uniforme de Hitler. Os três são
vinculados ao PT e foram indiciados por racismo.
Um dos acusados, Avel Alencar,
42, é diretor jurídico do Sindicato
dos Profissionais em Processamento de Dados do Distrito Federal e filiado ao PT desde 1993. O
sindicato é vinculado à CUT. Ele
assumiu a autoria dos cartazes.
"Ninguém tem nada a ver com isso, muito menos o ministro Luiz
Marinho (Trabalho)", disse Alencar, negando que tenha sido uma
iniciativa partidária.
Avel disse que pagou com um
cheque pessoal (R$1.060) pela
confecção de 3.000 cartazes.
Quem fez o pedido à gráfica foi o
irmão de Avel, Abelmar Alencar.
Já o layout dos cartazes foi desenvolvido por Marcos Wilson,
um funcionário da liderança do
PT na Câmara Legislativa do Distrito Federal. Erika Kokay, líder
do PT na Câmara brasiliense, disse ontem ao blog de Josias de Souza (www.josiasdesouza.folha.blog.uol.com.br) que "o partido
não tem responsabilidade" pelo
episódio. O funcionário agiu "como cidadão", disse ela. "Terá de
responder pelo seu ato."
A polícia também identificou a
gráfica onde foram feitos os cartazes, mas, até o fechamento desta
edição, não havia divulgado a informação. O pedido da encomenda dos cartazes estava no nome da
Escola de Formação de Trabalhadores de Informática, vinculada
ao sindicato dirigido por Avel.
Ninguém foi preso, pois não
houve flagrante. Todos responderão em liberdade. Se condenados,
os três podem pegar de seis meses
a dois anos de detenção, além do
pagamento de multa.
A afixação dos cartazes pelos
principais pontos de Brasília deixou a oposição ainda mais irritada. PSDB e PFL apontavam, anteontem, a participação do PT no
episódio e sugeriam que o ministro do Trabalho, Luiz Marinho,
teria motivado a ação. Marinho
negou a acusação.
Ontem, Bornhausen fez um discurso da tribuna do Senado no
qual afirmou que não vai perdoar
os autores da publicidade.
"Não vou perdoar criminosos e
quero que a lei seja cumprida",
discursou. "Não vou permitir que
meus 38 anos de vida pública sejam achincalhados", disse.
Como fizera no dia anterior,
procurou vincular a propaganda
à suposta prática de corrupção no
governo federal.
"Tenho certeza de que cartazes
desta natureza não vêm do bolso
de ninguém, mas, sim, de dinheiro sujo", afirmou o senador.
Bornhausen recebeu apoio de
seus pares, incluindo membros
do governo.
Outro lado
O presidente do PT do Distrito
Federal, Chico Vigilante, disse
que o partido tem 25 mil filiados e
não tem condições de controlar
todos seus militantes. Vigilante
afirmou que o PT não mandou fazer os cartazes. E aproveitou para
alfinetar o presidente do PFL.
"Não usamos dos métodos que
Bornhausen usa ao esconder o
símbolo do PFL da propaganda
de TV que ataca a honra do presidente Lula", disse, referindo-se à
propaganda política do PFL.
Para Chico Vigilante, "foi ele
[Bornhausen] quem começou esta guerra". O petista declarou que,
"ao dizer que esta raça, em referência ao PT, tinha de ser varrida,
ele instigou o racismo".
A CUT (Central Única dos Trabalhadores) do Distrito Federal
condenou a ação. "Não fazemos
cartazes apócrifos", afirmou João
Lopes, diretor de política sindical
da entidade. Ele observou que os
sindicatos filiados à central são
autônomos e, se comprovada sua
participação em alguma irregularidade, deve responder por isso.
Colaborou ANDRÉA MICHAEL, da Sucursal de Brasília
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