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PF indicia donos de casa de câmbio por uso de "laranja"
Proprietários teriam pago R$ 3.000 a intermediários na venda de US$ 44,3 mil
Polícia tomou depoimentos de quatro pessoas em Minas Gerais e suspeita que parte do dinheiro pode ter vindo de um esquema no Estado
ADRIANO CEOLIN
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Polícia Federal indiciou
ontem os donos da casa de câmbio Vicatur, Sirley da Silva Chaves e Fernando Manoel Ribas,
porque eles confessaram, segundo a PF, ter pago R$ 3.000 a
"laranjas" para uma operação
de venda de US$ 44,3 mil.
A Vicatur fica em Nova Iguaçu (RJ). A PF suspeita que parte dos US$ 249 mil usados por
petistas para adquirir o dossiê
contra tucanos tenha vindo da
Baixada Fluminense. A polícia
quer saber se esses dólares retirados por "laranjas" da Vicatur
foram usados pelos petistas.
Sirley e Ribas foram interrogados pelo delegado Diógenes
Curado, que preside o inquérito sobre o dossiê. Os dois contaram, segundo a PF, que pagaram R$ 3.000 a Levy Luís da
Silva para que ele cedesse o
próprio nome e de outros oito
familiares para servirem como
"laranjas" na operação da compara dos US$ 44,3 mil.
Levy também foi ouvido, mas
a PF não revelou o conteúdo do
depoimento dele. A polícia trabalha com a hipótese de que ele
usou o nome dos familiares
sem o consentimento deles.
Levy não foi indiciado.
Sirley e Ribas foram indiciados por crime contra o sistema
financeiro (artigo 21 da Lei de
Crimes Financeiros) e por falsificação de documentos (artigo 304 do Código Penal). As penas variam de 1 a 6 anos de prisão. Eles não foram localizados.
Apreensão
A PF informou ter apreendido documentos que comprovariam a operação da venda dos
dólares de forma irregular. Segundo a legislação, a casa de
câmbio é responsável pela
identificação do comprador de
dólar. A assessoria de imprensa
do Banco Central informou que
a empresa que comete alguma
irregularidade está sujeita à
instalação de um processo administrativo que pode gerar
multa até a cassação da autorização para operar com câmbio.
Além das diligências no Rio, a
PF tomou depoimentos de quatro pessoas em Minas Gerais e
suspeita que parte do esquema
pode ter uma ponta no Estado.
Anteontem, a polícia havia
identificado duas pessoas que
podem ter sido "laranjas" e que
estariam em Ouro Preto.
O uso de "laranjas" para a
venda dos dólares deu novo impulso às investigações sobre o
R$ 1,7 milhão apreendido num
hotel em São Paulo com o ex-policial federal Gedimar Passos
e o ex-petista Valdebran Padilha. Os dois disseram que haviam sido contratados pela
campanha nacional do PT para
entregar o dinheiro a Luiz Antonio Vedoin-líder da máfia
das sanguessugas, que entregaria um dossiê contra tucanos.
Imagens do circuito interno
do hotel Íbis -onde estavam
Gedimar e Valdebran-mostraram que Hamilton Lacerda,
coordenador da campanha de
Aloizio Mercadante, esteve local portando uma mala. As informações sobre o uso de laranja obtidas pela PF vão permitir
que a investigação chegue ao
nome das pessoas que providenciaram o R$ 1,7 milhão.
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