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ELEIÇÕES 2006 / PRESIDÊNCIA
FHC nega defender impeachment de Lula
Ex-presidente diz que resultado da eleição precisa ser respeitado, mas que é impossível deixar de apurar irregularidades
Para ele, o PSDB deve se organizar, ter vínculos com a sociedade, ser enérgico nas suas crenças e discutir com o meio acadêmico
DA REPORTAGEM LOCAL
A três dias das eleições, o ex-presidente Fernando Henrique
Cardoso negou ontem que esteja "no rol dos que querem o
impeachment [do presidente
Lula, caso ele seja reeleito]".
"Essa não é minha idéia. Eleição você respeita. O povo decidiu está decidido", disse.
Em entrevista concedida à
rádio Bandnews FM na manhã
de ontem, FHC disse que o
PSDB não deixará de apoiar as
propostas que levem em conta
os interesses nacionais. "[O
PSDB] vai votar do mesmo jeito." Embora repetindo que "a
voz do povo tem de ser respeitada", salientou: "Isso não quer
dizer que os erros não tenham
que ser punidos". E acrescentou: "Como vamos concordar
com o fato de não apurar o que
está todo mundo vendo, desvio
de pessoas não só ligados ao PT
como ao presidente para a
compra desse dossiê infame?
Vamos calar a boca? Fazer de
conta que não existe?".
Citando o caso específico das
privatizações, FHC disse que o
PSDB será crítico ao que chamou de mistificação do presidente: diz uma coisa e faz outra.
"Ele não tem que pedir que o
PSDB baixe a cabeça. Tem que
governar", disse. FHC afirmou
que, como sociólogo, não pode
"ficar gritando contra as pesquisas" -que apontam tendência de vitória de Lula- e atribuiu o cenário à falta de firmeza do partido, não só de Alckmin, na defesa de suas idéias.
Futuro
"O PSDB tem que ser mais
enérgico na defesa de suas
crenças, do que fez", disse FHC,
lembrando a privatização da
Vale do Rio Doce e da Telebrás.
Segundo ele, o PSDB terá que
discutir seu futuro após as eleições. Reforçando a crítica de
tucanos de que o partido perdeu sua identidade, disse que "o
PSDB tem que voltar a ter
idéias que levem o país adiante". "Tem que ter clareza. Todos os partidos têm que ter posição". Além disso, sugeriu, "o
partido tem que se organizar
mais, ter estrutura que faça um
vínculo com a sociedade".
Segundo ele, o PSDB deve
voltar a discutir com o meio
acadêmico, "com a Igreja, com
os sindicatos e com essa imensa
classe média desamparada".
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