São Paulo, sábado, 27 de outubro de 2007

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Fotógrafo da Folha sofre agressão de sócio da Gol

Advogado de Constantino se desculpa por incidente

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O fotógrafo da Folha Alan Marques foi agredido e ameaçado ontem pelo empresário Nenê Constantino, presidente do Conselho de Administração da Gol Linhas Aéreas.
Ao chegar à Polícia Civil do Distrito Federal no início da tarde de ontem, para depor sobre um cheque de R$ 2,2 milhões pago ao ex-senador Joaquim Roriz (PMDB-DF), o empresário se irritou com a presença do fotógrafo. O fotógrafo Wilson Dias, da agência Radiobrás, também estava no local.
Inicialmente, Constantino tentou se esquivar das fotos, ocultando o rosto com as mãos. Depois partiu rumo a Marques e, com um tapa, atingiu sua câmera. Constantino então se abaixou, pegou uma grande pedra e ameaçou jogá-la no fotógrafo, que registrou a cena.
Aconselhado por seu advogado, Hermano Camargo, o empresário não jogou a pedra. Minutos depois, Camargo disse que seu cliente só tivera "uma reação" porque o fotógrafo havia "encostado a câmera em seu rosto". Isso não aconteceu, como provam as imagens feitas pela Folha e pela Radiobrás.
Ele disse que Constantino estava "tranqüilo": "Não houve agressão. Já conversei com o fotógrafo e está tudo resolvido". Ele se desculpou com Marques: "Meu cliente não está nervoso, ele não é investigado, é apenas testemunha".
Em junho, interceptações telefônicas da Polícia Civil do Distrito Federal mostram Roriz negociando a divisão de um cheque de R$ 2,2 milhões em nome de Constantino com o ex-presidente do BRB (Banco de Brasília), Tarcísio Franklin, preso na Operação Aquarela.
Promotores suspeitam que o cheque teria sido pago como contrapartida para a venda de um terreno a uma empresa de investimentos imobiliários, da qual Constantino é investidor. Roriz nega e diz que o cheque seria empréstimo de Constantino para comprar uma bezerra. Ao depor, Roriz alegou ter sido vítima de "complô".
Os depoimentos de Roriz e Constantino terminaram pouco antes das 22h. Eles não falaram com os jornalistas. Um dos procuradores que acompanhou os depoimentos informou que Roriz repetiu várias vezes que não se lembrava de nada. (FELIPE SELIGMAN)


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