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Fotógrafo da Folha sofre agressão de sócio da Gol
Advogado de Constantino se desculpa por incidente
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O fotógrafo da Folha Alan
Marques foi agredido e ameaçado ontem pelo empresário
Nenê Constantino, presidente
do Conselho de Administração
da Gol Linhas Aéreas.
Ao chegar à Polícia Civil do
Distrito Federal no início da
tarde de ontem, para depor sobre um cheque de R$ 2,2 milhões pago ao ex-senador Joaquim Roriz (PMDB-DF), o empresário se irritou com a presença do fotógrafo. O fotógrafo
Wilson Dias, da agência Radiobrás, também estava no local.
Inicialmente, Constantino
tentou se esquivar das fotos,
ocultando o rosto com as mãos.
Depois partiu rumo a Marques
e, com um tapa, atingiu sua câmera. Constantino então se
abaixou, pegou uma grande pedra e ameaçou jogá-la no fotógrafo, que registrou a cena.
Aconselhado por seu advogado, Hermano Camargo, o empresário não jogou a pedra. Minutos depois, Camargo disse
que seu cliente só tivera "uma
reação" porque o fotógrafo havia "encostado a câmera em
seu rosto". Isso não aconteceu,
como provam as imagens feitas
pela Folha e pela Radiobrás.
Ele disse que Constantino
estava "tranqüilo": "Não houve
agressão. Já conversei com o
fotógrafo e está tudo resolvido". Ele se desculpou com Marques: "Meu cliente não está
nervoso, ele não é investigado,
é apenas testemunha".
Em junho, interceptações telefônicas da Polícia Civil do
Distrito Federal mostram Roriz negociando a divisão de um
cheque de R$ 2,2 milhões em
nome de Constantino com o
ex-presidente do BRB (Banco
de Brasília), Tarcísio Franklin,
preso na Operação Aquarela.
Promotores suspeitam que o
cheque teria sido pago como
contrapartida para a venda de
um terreno a uma empresa de
investimentos imobiliários, da
qual Constantino é investidor.
Roriz nega e diz que o cheque
seria empréstimo de Constantino para comprar uma bezerra. Ao depor, Roriz alegou ter
sido vítima de "complô".
Os depoimentos de Roriz e
Constantino terminaram pouco antes das 22h. Eles não falaram com os jornalistas. Um dos
procuradores que acompanhou os depoimentos informou que Roriz repetiu várias
vezes que não se lembrava de
nada.
(FELIPE SELIGMAN)
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