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SUCESSÃO NO ESCURO
Ala oposicionista se sente fragilizada; governistas temem perder poder de barganha com o Planalto
Dirigentes do PMDB devem adiar prévia
FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Por razões diferentes, as alas governista e oposicionista do PMDB
estão chegando a um consenso e
devem adiar a prévia do partido
de 20 de janeiro, quando seria escolhido o candidato a presidente.
Os oposicionistas se sentem fragilizados: preferem esperar uma
eventual situação mais favorável
em março. Já os governistas têm
dois motivos para adiar a prévia.
Primeiro, porque não há vantagem tática nem estratégica em
derrotar em janeiro o governador
Itamar Franco (MG). Os governistas perderiam poder de barganha no governo. Esmagariam o
único candidato com alguma viabilidade eleitoral do PMDB. Entendem que é melhor ficar com
essa ameaça latente para negociar
mais adiante uma posição de destaque na chapa apoiada por FHC.
A segunda razão é que não há
certeza sobre quem será o candidato do Palácio do Planalto. Há na
cúpula do PMDB uma preferência pelo ministro da Saúde, José
Serra (PSDB). Mas os peemedebistas também aceitam negociar o
lugar de vice-presidente se vingar
o nome da governadora maranhense Roseana Sarney (PFL).
Como é improvável que o Planalto se defina em janeiro, fazer a
prévia na data marcada apenas
fragilizaria a cúpula governista do
PMDB. Teriam derrotado Itamar,
mas ficariam com um candidato
presidencial de pouca densidade:
o senador Pedro Simon (RS) ou o
deputado Michel Temer (SP).
Os governistas já manobraram
e reduziram o quórum dos eleitores da prévia para cerca de 4.000.
Com menos pessoas decidindo,
fica mais fácil para os governistas
vencerem a disputa, descarregando os votos na candidatura Pedro
Simon ou na de Michel Temer.
"Nós corremos o risco de perder com essa violência que o governo fez no PMDB. Mais adiante,
se estivermos numa situação boa,
vencemos", diz o ex-governador
paulista Orestes Quércia, que ontem telefonou para Itamar, Michel e Simon para tratar do caso.
Segundo Quércia, a receptividade foi boa. Michel e Simon concordaram. Itamar ficou de ligar
hoje para acertar os detalhes de
uma reunião entre oposicionistas
e governistas que selaria o acordo.
Procurado pela Folha, Michel
Temer declarou: "Tenho sentido
um crescimento da tese pelo adiamento. Preciso conversar com todos os setores e ver se há consenso. Janeiro é um mês difícil para
mobilizar as pessoas. Tenho ouvido gente falando isso".
Uma voz discordante é a do ex-governador do Rio e ex-assessor
especial de FHC Moreira Franco.
Para ele, a prévia pode ser mantida em janeiro. "O Simon, se vencer, será uma vitória nossa", disse.
Colaboraram RAYMUNDO COSTA E
KENNEDY ALENCAR, da Sucursal de
Brasília
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