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TRANSIÇÃO
Presidente eleito diz a sindicalistas que em 2003 irá herdar "pepino"
Lula critica PT e culpa sigla
por suas derrotas regionais
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente eleito, Luiz Inácio
Lula da Silva, criticou seu partido,
o PT, ao comentar ontem, em encontro com sindicalistas, em São
Paulo, os resultados das eleições
para o governo do Rio Grande do
Sul, neste ano, e para a Prefeitura
de Santos, em 1996.
Em discurso de quase duas horas para cerca de 600 pessoas, Lula
pediu a união dos sindicalistas e o
apoio deles para governar. "O pepino e o Brasil que nós vamos enfrentar não são pequenos", disse.
As derrotas, na opinião do presidente eleito, ilustram casos em
que disputas internas entre correntes do partido e da esquerda o
levaram ao fracasso nas urnas.
"Não foi porque erramos na administração, foi porque erramos
na política", disse Lula ao comentar a derrota de Tarso Genro (PT)
para Germano Rigotto (PMDB)
no Rio Grande do Sul, onde, após
embate entre alas moderadas e radicais, o governador Olívio Dutra
(PT) perdeu a chance de se candidatar à reeleição. Em seguida,
lembrou 1996: Por que nós perdemos em Santos quando o David
[Capistrano] era prefeito? Porque
o eleitor não gostava mais do PT
ou porque nós estabelecemos
uma luta fratricida entre nós em
que nós mesmos tratamos de dizer para o povo o que nem o povo
tinha coragem de dizer de nós?"
Rompida com Capistrano
(morto em 2000), a deputada federal Telma de Souza (PT) foi
derrotada por Beto Mansur
(PPB), que governa até hoje.
As duas derrotas também serviram como mote para Lula criticar
o debate em torno do valor do salário mínimo a ser fixado em
maio do ano que vem. Anteontem, a senadora Heloísa Helena
(PT-AL) defendeu em São Paulo
um piso de R$ 250 e disse que o
partido precisa ser coerente com
o discurso que manteve como
oposição a Fernando Henrique.
"Eu tenho dito para os nossos
deputados: "Por que brigar por isso agora? Se a gente tiver condições de dar R$ 240, vai dar R$ 240; se a gente tiver condições, vai dar
R$ 250, mas, se não tiver condições, vamos ter que dizer que não
temos como dar.'"
O presidente eleito disse que
não irá atrelar o mínimo ao dólar,
como pregou o PT durante a gestão tucana. "Qual era o compromisso que eu tinha: dobrar o poder aquisitivo do salário mínimo
em quatro anos. E não vou falar
do salário mínimo em dólar porque o povo ganha em reais."
Ele criticou as negociações no
Congresso sobre o Orçamento.
"Eu não sabia que o Orçamento
era tão flexível. Porque de repente
os caras falam: "Mexendo um
pouco no Orçamento vai sobrar
R$ 14 bilhões para aquilo, R$ 13
bilhões para aquilo". Que diabo de
Orçamento é esse? Parece um Orçamento elástico, inflável."
Exames
Lula e sua mulher, Marisa, foram submetidos a exames de rotina no Incor, em São Paulo, na noite de ontem. Eles passaram por
exames gerais (de colesterol, de
esforço físico, ultra-som), além de
exames cardiológicos.
Segundo o clínico e cardiologista Roberto Kalil Filho, médico de
confiança de Lula, os exames já
estavam programados, já que Lula faz essa avaliação médica quase
que anualmente na mesma época.
Kalil acredita que, por conta da
vida desregrada de Lula durante a
campanha, que impediu que ele
fizesse exercícios físicos regulares,
Lula deverá receber uma dieta alimentar e de controle de peso.
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