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CAMPO MINADO
Decreto do presidente publicado ontem também determina a desapropriação dos imóveis das áreas em Pernambuco
Lula libera engenhos para reforma agrária
FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE
Decreto assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva publicado ontem no "Diário Oficial" da
União tornou quatro glebas ligadas ao engenho Prado, em Tracunhaém (a 64 km de Recife, PE),
áreas de interesse social para fins
de reforma agrária.
O mesmo decreto determina
ainda que o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma
Agrária) promova a desapropriação dos imóveis, cenários de uma
das mais violentas ações de trabalhadores rurais sem terra ocorridas neste ano no país.
Em maio, cerca de 2.000 lavradores ligados à CPT (Comissão
Pastoral da Terra) e ao MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) depredaram e incendiaram casas, galpões e tratores na sede do engenho Prado.
Em julho, as 300 famílias invasoras que viviam na área havia sete anos foram desalojadas, por ordem judicial. Elas retornaram ao
local, mas, diante de nova ordem
de reintegração de posse e da promessa de desapropriação, decidiram sair novamente.
Das cinco áreas reivindicadas
pelos sem-terra, apenas o engenho Prado, que tem 900 ha, não
foi declarado de interesse social
para fins de reforma agrária.
Segundo o superintendente do
Incra em Recife, João Farias de
Paula Júnior, um impasse jurídico
impediu a inclusão da gleba no
decreto. "Há dúvida se a área tornou-se improdutiva em virtude
da invasão ou não", disse.
A mesma dúvida não houve em
relação às terras que deverão ser
desapropriadas -os engenhos
Dependência, Taquara, Papicu e
Tocos. Juntos, eles possuem 1.600
ha, área suficiente para o assentamento de 160 famílias.
"Os próximos passos serão avaliar as propriedades, pagar o proprietário e promover a imissão de
posse", afirmou o superintendente do Incra. Segundo ele, esse processo pode levar até 180 dias, se
não houver recurso.
A CPT, que comanda o grupo
de sem-terra de Tracunhaém, diz
estar satisfeita com a decisão do
presidente. Afirma, porém, que já
espera a contestação judicial.
Procurado ontem pela Agência
Folha, José Mário Santos, gerente-geral da usina Santa Teresa, que
administra o engenho Prado, não
foi encontrado para comentar o
caso. A reportagem ligou quatro
vezes para a usina e para o telefone celular de Santos, mas ele não
telefonou de volta.
Rio Grande do Sul
O líder sem-terra gaúcho Justino Vieira, preso no último dia 11,
foi solto em razão de habeas corpus concedido pelo Tribunal de
Justiça do Estado. Vieira havia sido preso no acampamento Santa
Vitória, em Arroio do Ratos.
O desembargador Marco Antonio Scapini revogou por liminar a
prisão preventiva sob a justificativa de que não havia requisitos legais necessários para que ela fosse
decretada.
No último dia 20, o desembargador Hamilton de Carvalho havia negado o habeas corpus.
Scapini determinou também o
recolhimento dos mandados de
prisão contra mais sete integrantes do MST.
Na última sexta-feira, a Polícia
Civil indiciara os oito integrantes
do MST sob a acusação de extorsão, aborto cometido por terceiros, constrangimento ilegal, trabalho escravo, formação de quadrilha e tortura.
As denúncias, que foram feitas
por quatro ex-acampados, são negadas pelo MST.
Colaborou LÉO GERCHMANN, da Agência Folha, em Porto Alegre
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