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Informatização de processos divide juízes
Defensores dizem que haverá economia, segurança e rapidez, mas críticos temem mudanças bruscas
SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os juízes brasileiros se preparam para deixar de manusear toneladas de papéis de
processos judiciais e passar a
trabalhar exclusivamente com
a versão eletrônica dos autos.
Projeto de lei em fase final de
tramitação no Congresso define como será a informatização.
Os defensores da inovação
dizem que ela trará economia e
rapidez e que o sistema é seguro. Os críticos afirmam que
mudanças bruscas geram dúvidas sobre a validade de atos judiciais e eventualmente provocam a anulação de sentenças,
favorecendo a impunidade.
Dos 20 milhões de processos
que deverão surgir em 2007, 6
milhões (30%) já deverão tramitar apenas em computadores, estima o secretário-geral
do CNJ (Conselho Nacional de
Justiça), juiz Sérgio Tejada.
Esses processos serão virtuais desde a petição inicial. Isso significa que todos os profissionais precisarão ter computador ou utilizar equipamentos
que forem disponibilizados pela OAB (Ordem dos Advogados
do Brasil), tribunais e varas.
Uma das principais defensoras da informatização, a presidente do STF, ministra Ellen
Gracie Northfleet, diz que o
país será pioneiro na adoção do
processo virtual, a exemplo do
que ocorreu com a votação em
urna eletrônica pelo TSE partir
de 1996. "Outros países têm experiências isoladas [de processo eletrônico]. Como somos pobres, temos de ser criativos."
Ela enfrenta resistências até
mesmo no STF. Recentemente,
outros ministros criticaram
uma sugestão de recurso virtual que ela expôs, em que os
Tribunais de Justiça deixariam
os volumes de papel no órgão e
enviariam apenas algumas peças para o STF examinar. Um
dos críticos foi Marco Aurélio
Mello: "Essas modernidades
têm de vir com muita cautela.
Todo mundo busca meios para
acelerar o processo, mas esses
meios não podem implicar o
prejuízo do processo".
Na mesma linha, o procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, diz que
é preciso analisar se a utilização
do processo virtual atende a todas as exigências legais.
Para a OAB, o processo virtual prejudicará os profissionais não familiarizados com as
ferramentas de informática. "A
velocidade com que alguns tribunais, principalmente trabalhistas, querem adotar a proposta pode gerar um apartheid
digital, porque muitos advogados não possuem computador",
diz o coordenador da comissão
de tecnologia da informação da
OAB, Alexandre Atheniense.
A própria Ellen Gracie concorda com a necessidade de
cautela, especialmente nos
processos criminais, nos quais
pode ser necessário o exame de
originais que sejam provas.
Outros incentivadores da
proposta são os atuais presidentes do Tribunal Superior do
Trabalho, Ronaldo Leal, e do
Superior Tribunal de Justiça,
Raphael de Barros Monteiro.
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