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Miro quer conter perda de poder de ministério
ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO
O futuro ministro das Comunicações, Miro Teixeira, 57, deixou
claro ontem que quer interromper o processo de esvaziamento
do ministério iniciado com a criação da Anatel (Agência Nacional
de Telecomunicações), em 1997.
A Anatel absorveu por lei os poderes de outorga, regulamentação
e fiscalização no setor de telecomunicações que cabiam ao ministério. Assumiu ainda, por convênio com o ministério, a fiscalização da radiodifusão.
Além disso, tem sido cogitada a
criação de uma outra agência específica para a radiodifusão, que
completaria o esvaziamento do
ministério.
Em entrevista à Folha, ele disse
que quer exercer o poder de forma plena.
"O poder não é pessoal. É público. O exercício pleno da autoridade não é vaidade nem arrogância,
mas um dever", disse o futuro ministro.
Confirmado na segunda, Miro
Teixeira disse que só falará sobre
seu plano de ação após discutir os
assuntos mais polêmicos do setor
com o presidente eleito -como a
situação financeira da Embratel e
o esvaziamento do ministério.
No mês passado, o ministro
Juarez Quadros desativou as 11
delegacias regionais do ministério
para completar o projeto de fortalecimento da Anatel idealizado
por Sérgio Motta -ministro das
Comunicações morto em 98, que
conduziu a abertura do mercado
e a privatização da Telebrás.
Miro Teixeira tem sido um crítico ferrenho da política da área feita realizada pelo governo FHC.
Como líder do PDT na Câmara,
ele levou o partido a entrar com
várias ações diretas de inconstitucionalidade no STF (Supremo
Tribunal Federal).
Questionou desde a autorização
das concessões para a banda B de
telefonia celular, em 1996, até o
modelo de privatização da Telebrás, em 98.
Ele avalia que a pasta começou a
perder poderes para a Anatel após
a venda do Sistema Telebrás. "Até
98, houve forte presença do ministério nas decisões da Anatel."
Miro Teixeira disse que tem se
dedicado a estudar os problemas
do setor nos últimos dias e que
tem uma equipe de assessores no
PDT com conhecimento do assunto. Disse ainda que vai usar o
diagnóstico e as sugestões apresentadas pela equipe de transição
como documento básico para seu
plano de ação.
O futuro ministro afirmou que
aceitou o convite para o ministério atraído pelo "nervosismo" e
pelo "volume poderoso de interesses" que o cercam.
Disse que neutralizará os focos
de pressão dando transparência
ao andamento dos processos e
que todas as decisões do ministério poderão ser consultadas pela
internet. "O controle das informações como instrumento do poder ainda persiste na administração pública. Temos de acabar
com isso na primeira semana de
governo", afirmou.
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