São Paulo, sábado, 27 de dezembro de 2008

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Pesquisa com a torianita teve início neste ano

DA AGÊNCIA FOLHA

Somente neste ano a Cnen (Comissão Nacional de Energia Nuclear) diz ter iniciado pesquisas com a torianita apreendida no Estado do Amapá. O minério é rico em três materiais utilizados pela indústria nuclear: urânio, tório e chumbo-208.
Enquanto o minério usado pelo Brasil na produção de combustível nuclear possui 0,3% de urânio, a torianita possui uma concentração de 7%. O objetivo da pesquisa é verificar se é viável extrair o minério da torianita para alimentar reatores.
A torianita é dos minérios que fazem do Brasil a maior reserva de tório conhecida no mundo, segundo os dados da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica). De acordo com um relatório de 2007 da entidade, as reservas brasileiras são superiores a 600 mil toneladas.
O tório é utilizado nos programas nucleares da França e da Índia, mas ainda é desprezado pela pesquisa nuclear brasileira.

Chumbo
Outro elemento presente na torianita é o chumbo-208. Enquanto o chumbo natural possui 54% do tipo 208, o encontrado na torianita tem uma concentração de 88%, segundo o pesquisador José Antonio Seneda, do Ipen (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares).
Segundo ele, o chumbo-208 é utilizado para a refrigeração de reatores. A Eletronuclear, estatal responsável pelas usinas de Angra, disse que não desenvolve pesquisas com o material.
Outro uso do chumbo-208 é o revestimento de bombas de nêutrons, famosas pelo potencial de matar seres vivos e ter um impacto menor sobre prédios e construções.
Segundo o engenheiro químico Luiz Felipe da Silva, assessor da presidência da estatal brasileira INB (Indústrias Nucleares do Brasil), a torianita ainda não é explorada pela indústria nuclear porque não existem informações que apontem o Brasil com reservas suficientes para viabilizar economicamente a exploração do urânio a partir dela.
O país desenvolveu pesquisas sobre o uso do tório na indústria nuclear até a década de 1960, mas as autoridades brasileiras privilegiaram as pesquisas envolvendo o urânio.
As reservas de tório do Brasil eram consideradas estratégicas pelos EUA na metade do século 20. Relatório da CIA de 1957 mostra a preocupação dos agentes de inteligência norte-americanos com uma recomendação do Conselho de Segurança Nacional para a exploração dos minérios radioativos ser monopólio da União. (PS e BC)


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