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Ex-presidente não descarta nem o Planalto
DA ENVIADA ESPECIAL A MACEIÓ
O ex-presidente Fernando
Collor de Mello disfarça e diz
que ainda não decidiu a que vai
se candidatar nem por qual Estado, apesar de já ter declarado
que quer o Senado em 2002.
"Não alijo nenhuma possibilidade. Como temos tempo, irei
me definir no momento oportuno. O calendário eleitoral definirá os meus projetos", disse
na semana passada ao explicar
que ainda não descartou nova
candidatura à Presidência.
Collor recebeu a Folha em
seu escritório na sede da Organização Arnon de Mello. Enquanto fumava um charuto, o
ex-presidente afirmou que vai
ser candidato em 2002.
Collor, que ficou conhecido
por suas frases de efeito e gestos provocadores, diz ter abandonado esses últimos. Durante
as duas horas de entrevista, repetiu frases como: "Hoje quero
ser o chamado bombeiro de
água fria", ou "uma campanha
minha em 2002, não sei por onde nem para quê, será muito
mais ponderada, moderada".
Os planos de Collor parecem
estar bem mais definidos do
que ele quer fazer parecer. Depois do fiasco em São Paulo,
Alagoas é sua única possível
alavanca eleitoral, como analisam seus próprios aliados.
Com a candidatura à prefeitura paulistana, Collor nega
que quisesse testar sua popularidade. Afirma que quis bater
de frente com "os raposas felpudas" que "tramaram" a sua
impugnação e classificou a disputa como "ato de protesto".
Collor já sondou possíveis
companheiros de chapa entre
os empresários locais e chegou
a convidar para suplente o usineiro Robert (Bob) Lyra (PL),
sobrinho do ex-senador João
Lyra e primo de Tereza Collor.
Nas últimas semanas, o ex-presidente tem conversado
com prefeitos e já esteve duas
vezes com o senador alagoano
Renan Calheiros (PMDB). Calheiros foi um dos principais
articuladores da campanha de
Collor em 89 e seu líder na Câmara, mas romperam depois
da eleição para governador de
1990, quando Collor negou
apoio a Calheiros. Collor também já conversou com o tucano Téo Vilela, aliado de Lessa e
da prefeita Kátia Born (PSB).
Calheiros já anunciou sua
candidatura ao Senado e disse
que só discutirá a disputa do
governo em abril de 2001. Disse
que ainda não considera a hipótese de compor chapa com
Collor para o Senado em 2002 e
que não descarta a possibilidade de disputar o governo.
No "grupo collorido" há esperanças de que Calheiros acabe se unindo a Collor mais perto das eleições. Na opinião do
provável suplente, Bob Lyra,
"Collor ganha eleições para o
que quiser em Alagoas". Mas
ele estima que uma eventual
disputa ao governo do Estado
seria mais dura com a senadora
petista Heloísa Helena.
Segundo ele, as pesquisas feitas pelo grupo mostram que a
disputa entre os dois para o governo seria apertada. Tanto a
petista quanto Collor têm grande força na periferia -público
que ele continua chamando de
"meus descamisados, meus pés
descalços, que os intelectualizados chamam de excluídos".
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