São Paulo, domingo, 28 de janeiro de 2001

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Ex-presidente não descarta nem o Planalto

DA ENVIADA ESPECIAL A MACEIÓ

O ex-presidente Fernando Collor de Mello disfarça e diz que ainda não decidiu a que vai se candidatar nem por qual Estado, apesar de já ter declarado que quer o Senado em 2002.
"Não alijo nenhuma possibilidade. Como temos tempo, irei me definir no momento oportuno. O calendário eleitoral definirá os meus projetos", disse na semana passada ao explicar que ainda não descartou nova candidatura à Presidência.
Collor recebeu a Folha em seu escritório na sede da Organização Arnon de Mello. Enquanto fumava um charuto, o ex-presidente afirmou que vai ser candidato em 2002.
Collor, que ficou conhecido por suas frases de efeito e gestos provocadores, diz ter abandonado esses últimos. Durante as duas horas de entrevista, repetiu frases como: "Hoje quero ser o chamado bombeiro de água fria", ou "uma campanha minha em 2002, não sei por onde nem para quê, será muito mais ponderada, moderada".
Os planos de Collor parecem estar bem mais definidos do que ele quer fazer parecer. Depois do fiasco em São Paulo, Alagoas é sua única possível alavanca eleitoral, como analisam seus próprios aliados.
Com a candidatura à prefeitura paulistana, Collor nega que quisesse testar sua popularidade. Afirma que quis bater de frente com "os raposas felpudas" que "tramaram" a sua impugnação e classificou a disputa como "ato de protesto".
Collor já sondou possíveis companheiros de chapa entre os empresários locais e chegou a convidar para suplente o usineiro Robert (Bob) Lyra (PL), sobrinho do ex-senador João Lyra e primo de Tereza Collor.
Nas últimas semanas, o ex-presidente tem conversado com prefeitos e já esteve duas vezes com o senador alagoano Renan Calheiros (PMDB). Calheiros foi um dos principais articuladores da campanha de Collor em 89 e seu líder na Câmara, mas romperam depois da eleição para governador de 1990, quando Collor negou apoio a Calheiros. Collor também já conversou com o tucano Téo Vilela, aliado de Lessa e da prefeita Kátia Born (PSB).
Calheiros já anunciou sua candidatura ao Senado e disse que só discutirá a disputa do governo em abril de 2001. Disse que ainda não considera a hipótese de compor chapa com Collor para o Senado em 2002 e que não descarta a possibilidade de disputar o governo.
No "grupo collorido" há esperanças de que Calheiros acabe se unindo a Collor mais perto das eleições. Na opinião do provável suplente, Bob Lyra, "Collor ganha eleições para o que quiser em Alagoas". Mas ele estima que uma eventual disputa ao governo do Estado seria mais dura com a senadora petista Heloísa Helena.
Segundo ele, as pesquisas feitas pelo grupo mostram que a disputa entre os dois para o governo seria apertada. Tanto a petista quanto Collor têm grande força na periferia -público que ele continua chamando de "meus descamisados, meus pés descalços, que os intelectualizados chamam de excluídos".



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