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MINISTÉRIO À MÍNGUA
Ministro da Fazenda afirma que governo deve editar decreto com "programação de gastos" para 2004
Palocci admite que Orçamento pode ter corte
SÍLVIA MUGNATTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) admitiu ontem que
o Orçamento de 2004 poderá sofrer cortes nos próximos dias. Segundo o ministro, estão sendo
reavaliadas as projeções de receitas e despesas feitas pelo governo.
Palocci evitou falar a palavra
corte, mas afirmou: "Não vamos
fazer cortes, mas uma programação de gastos. A princípio não há
necessidade de corte, mas algum
nível de contingenciamento". Na
prática, a programação de gastos,
que é feita por decreto, restringe a
possibilidade de os ministérios se
comprometerem a gastar os recursos previstos no Orçamento.
Segundo Palocci, o governo terá
mesmo que rever essa programação bimestralmente. Portanto os
cortes poderão ser desfeitos mais
tarde. "Fizemos isso no ano passado e vamos fazer de novo", disse. Em 2003, o Orçamento teve
um corte inicial de R$ 14,1 bilhões,
mas, no final, o bloqueio foi de R$
13 bilhões porque o governo federal liberou parte do corte inicial ao
longo do ano.
O Congresso aumentou a previsão de receitas original do Orçamento em R$ 11 bilhões. Ontem, o
secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Bernard Appy,
disse que não está previsto um aumento da Cide (contribuição sobre o consumo de combustíveis)
como projetou o Congresso.
Além disso, Appy criticou as estimativas de arrecadação com a Cofins (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social).
Divergência com Dirceu
Palocci começou a falar sobre o
Orçamento elogiando o trabalho
do relator, deputado Jorge Bittar
(PT-RJ). "Lidar com 513 deputados [incluindo Bittar] não é fácil",
comentou. O ministro também
explicou que não há divergências
com o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, sobre a possibilidade de cortes no Orçamento.
"Não brigo com otimistas, não
combato quem acha que dá para
fazer mais com o dinheiro. Eu
prefiro brigar com quem acha que
nada vai dar certo", disse Palocci.
Em seguida, o ministro afirmou
que a sua "missão" é dizer com
"clareza" o que os ministros terão
para gastar durante o ano.
Na semana passada, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu
um indicativo de que o Orçamento deste ano seria cortado. Foi editado um decreto limitando a 6%
das dotações os gastos com investimentos e custeio em janeiro. O
decreto dizia que havia necessidade de verificar se os gastos não
comprometerão o cumprimento
da meta de economia de receitas
para pagamento de juros -o
chamado superávit primário.
No final de 2003, o ministro do
Planejamento, Guido Mantega,
chegou a dar declarações de que
os cortes não seriam necessários
porque o Congresso havia sido
"realista". O governo queria começar o ano sem cortes para mostrar que há possibilidade de executar as dotações originais ao
contrário do que fazia o governo
anterior. O corte do ano passado
não era considerado nas contas
porque, segundo o governo, o Orçamento de 2003 não foi feito pela
atual administração.
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