São Paulo, sexta-feira, 28 de janeiro de 2005

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RETÓRICA OFICIAL

Gilberto Carvalho afirma que elite fez fortuna devendo a estatais

Assessor de Lula diz que rico dá calote e imprensa é parcial

FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em evento para uma platéia em sua maioria de adolescentes, o chefe-de-gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Gilberto Carvalho, atacou parte da elite brasileira e acusou a imprensa de estar a serviço dela.
"Pobre honra suas dívidas, ao contrário de muitos da elite brasileira que fizeram sua fortuna em cima da inadimplência em relação aos empréstimos estatais com seus desvios, processos e postergamentos que levaram muitas vezes a dívidas jamais pagas", disse ele, ao defender o microcrédito.
Carvalho participou do seminário "Incubação de Empreendedores Afro-Brasileiros", feito pela Ceabra (Coletivo de Empresários e Empreendedores Afro-Brasileiros) na Câmara. Segundo ele, Lula lembrou aos presidentes do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal que o Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar) têm o menor índice de inadimplência.
Após o evento, Carvalho, um dos principais assessores de Lula, creditou as críticas a iniciativas como o Prouni (Programa Universidade Para Todos) e ao projeto da Ancinav (Agência Nacional do Cinema e do Audiovisual) à quebra de privilégios e acusou a imprensa de distorcer os fatos.
"Toda vez que o governo tenta de alguma forma lidar com privilégios estabelecidos é natural que haja algum tipo de reação. O que não é adequado é o tipo de reação que estamos assistindo. Alguns veículos, a imprensa brasileira, têm exagerado em uma crítica que não apresenta a verdade dos fatos, apresenta uma versão."
Carvalho questionou a cobertura da imprensa sobre o governo. "Quando se tenta incutir a idéia de que esse governo tem um viés autoritário [...] é evidente que há uma tendência a não permitir que esse debate [reformas] ganhe amplidão na sociedade. Contra isso temos que nos insurgir", afirmou.
Ele também defendeu a compra do avião presidencial, que custou US$ 56,7 milhões (cerca de R$ 151,3 milhões). "Qualquer pessoa que saiba matemática é só fazer a conta. Em poucos anos esse avião estará pago e com sobras, com muito mais segurança e economia para o governo e para o país."


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