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Lula enfrentará cobranças em fórum por efeitos da crise
Entidades sindicais e movimentos sociais querem ação mais forte contra demissões
Petista não é convidado por MST, mas Chávez, Morales e Corrêa chamam Lula para encontro com movimento; presidente não confirma
DA ENVIADA A BELÉM
Os investimentos do governo
federal e a intensa participação
oficial no Fórum Social Mundial, que começou ontem e vai
até domingo em Belém (PA),
não pouparão o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva de ser
cobrado pelos efeitos da crise
econômica no Brasil, em especial os índices de desemprego.
Além de ataques de movimentos sociais e entidades sindicais, o governo deverá também receber críticas do MST
(Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra). O movimento não convidou Lula para
o encontro que terá na quinta-feira com os presidentes Hugo
Chávez (Venezuela), Evo Morales (Bolívia) e Rafael Corrêa
(Equador), para discutir a Alba
(Alternativa Bolivariana das
Américas). Para diminuir o
mal-estar, os presidentes estenderam o convite a Lula, que
não confirmou a participação.
Lula chega a Belém na quinta-feira. No mesmo dia, entidades sindicais e movimentos sociais que reivindicam ação mais
"concreta" do Planalto contra
demissões farão uma passeata.
Uma série de outras atividades
discutindo a defesa do emprego
-repletas de críticas à política
econômica- serão organizados
pela central sindical Conlutas,
além de PSOL e PSTU.
Oficialmente, CUT e Força
Sindical não participam dos
protestos, mas sindicatos ligados a elas confirmaram que vão
participar do protesto. O coordenador da Conlutas, Zé Maria
de Almeida, diz que, apesar de
negar a importância da crise,
Lula destinou "milhões" para
empresas, na promessa de evitar cortes. "Queremos uma MP
(medida provisória) ou outra
ação para defender o emprego e
os direitos dos trabalhadores."
O PT não confirmou o horário da chegada do presidente.
Seu principal evento é um encontro com Chávez, Morales e
Corrêa, além de Fernando Lugo (Paraguai), que confirmou
presença, organizado pelo Ibase (Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas), e
pelo Instituto Paulo Freire.
Na sexta pela manhã, Lula se
reúne com os cerca de 80 integrantes do Conselho Internacional do Fórum que estão em
Belém. Ele deverá fazer uma
apresentação da ministra Dilma Rousseff, sua provável candidata à Presidência em 2010.
Contra-ataque
O PT do Pará mobilizou pelo
menos 3.000 filiados e simpatizantes para o evento que reunirá os presidentes latino-americanos. Fez ainda um trabalho
de distribuição de informações
em defesa do governo Lula, para que seus integrantes pudessem responder a eventuais críticas em palestras e debates.
Em mais de 70 painéis e
eventos, 12 ministros ajudarão
na defesa das políticas de Lula.
Entre os principais argumentos: a redução de impostos, a
pressão para que empresas não
demitam e a política de austeridade econômica. O fato de Lula
não ir ao Fórum Econômico
Mundial, em Davos, é outro argumento que ele deverá usar.
Mesmo assim, o clima está
longe de ser de total aprovação
a Lula. Entidades ambientais e
lideranças indígenas também
estão descontentes. O MST e a
Via Campesina ainda disseram
que adotarão conduta menos
amigável que a de outros fóruns, ainda mais com a presença de presidentes que consideram mais à esquerda.
(ANA FLOR)
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