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Por votações, governo dá presidência de CPI a PSDB
Vaga é cedida por PMDB; temor de derrotas no Congresso leva governistas a buscar acordo
Marisa Serrano presidirá comissão, com veto do PT; parlamentares especulam que gesto do PMDB está ligado a pressão por cargos
ANDREZA MATAIS
MARIA CLARA CABRAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Depois de duas semanas de
negociação, o PMDB aceitou
ceder a vaga de presidente da
CPI (Comissão Parlamentar de
Inquérito) mista dos Cartões
Corporativos ao PSDB para evitar a criação de uma segunda
comissão no Senado com o
mesmo objetivo e prejudicar as
votações de matérias de interesse do governo.
Os tucanos indicaram a vice-presidente do partido, senadora Marisa Serrano (PSDB-MS),
para presidir a CPI. Ligada ao
ex-presidente Fernando Henrique e ao governador de São
Paulo, José Serra, ela disse que
não permitirá "pirotecnia" e
negou acordo com o PT para
poupar FHC, Lula e os familiares de ambos das investigações.
Em contrapartida, a oposição
desistiu de criar outra CPI e garantiu acordo fechado no início
do mês, entre o Planalto e o
PSDB, de que será uma CPI "civilizada" dos Cartões Corporativos, sem devassa nas contas
do presidente Lula e de FHC.
"PT e PSDB não querem apurar nada e o PMDB quer cargo
no governo. A CPI deveria assumir compromisso de não aceitar acordo para poupar alguns
da investigação", disse o senador Pedro Simon (PMDB-RS).
O gesto do PMDB, acertado
com líderes governistas, irritou
a bancada do PT na Câmara,
que ameaçou retirar a indicação do deputado Luiz Sérgio
(PT-RJ) para a relatoria.
"A bancada do PT continua
com a opinião que a melhor
composição é a de respeitar a
proporcionalidade da bancada.
Até porque ter um presidente
de um lado e um relator de outro atrapalharia", afirmou o líder do PT, deputado Maurício
Rands (PE). "O PMDB não pode usar a CPI para barganhar
cargos. O acordo é um absurdo", criticou o deputado Marco
Maia (PT-RS).
Alguns petistas defendem
como alternativa a troca com o
PSDB da relatoria pela presidência. Os tucanos não aceitam. É o presidente quem desempata votações, marca reuniões e determina o tempo em
que cada um pode se manifestar. A bancada deve se reunir
hoje para discutir o assunto.
Os petistas acusaram o
PMDB de ceder a vaga aos tucanos para tornar o governo refém dos votos do partido na
CPI e barganhar cargos a cada
votação de requerimento de
quebra de sigilo ou convocação.
A oposição manteve o requerimento que cria uma CPI apenas no Senado na pauta do plenário e ameaça mandar criar a
comissão a qualquer momento
se houver recuo do PMDB.
Líderes do governo justificaram que sem o acordo as votações da medida provisória da
TV Pública e da reforma tributária estariam comprometidas.
"Vai dar para harmonizar o clima dos trabalhos e para discutir a reforma tributária num
melhor ambiente. Duas CPIs
seria muito desgastante", disse
o líder do governo no Senado,
Romero Jucá (RR).
O acordo foi fechado no Palácio do Planalto. Jucá e Fontana
(RS) se reuniram com o ministro José Múcio Monteiro (Relações Institucionais) e avisaram que se o governo não cedesse, a oposição cumpriria a
ameaça de criar outra CPI só do
Senado, além de dificultar votações, como ocorreu com a
emenda da CPMF, derrotada.
A presidente da CPI disse
que a comissão deve ser instalada na próxima semana. Até lá
os partidos indicarão seus representantes. Segundo Marisa
Serrano, a CPI é um "instrumento para fiscalizar, levantar
problemas e encontrar soluções", mas ela não opinou sobre
qual deve ser o ponto de partida
das investigações: se o governo
FHC ou as denúncias de uso irregular do cartão sob Lula. Já o
relator disse que vai começar
pela ordem cronológica.
Colaborou ADRIANO CEOLIN, da Sucursal de Brasília
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