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BAHIAGATE
Gomes diz que só apontará mandante quando concluir inquérito; conselheiros decidem ouvir jornalistas na semana que vem
Dividido, conselho ouve delegado da PF
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em uma reunião marcada por
bate-boca e confusão, os integrantes do Conselho de Ética do
Senado ouviram ontem o delegado da Polícia Federal Gesival Gomes -responsável pelo inquérito
sobre os grampos telefônicos na
Bahia-, que evitou apontar
quem seria o mandante das escutas. O conselho também decidiu
convocar os jornalistas Luiz Claudio Cunha e Weiller Diniz, da revista "IstoÉ", para depor.
"Eu próprio só vou chegar a essa
conclusão [quem é o mandante]
quando concluir o inquérito",
afirmou o delegado. O principal
suspeito, o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), assistiu
aos depoimentos em seu gabinete.
Sem acordos partidários ou
uma linha previamente definida
pela Mesa do conselho, de um lado, pefelistas procuravam atrasar
os trabalhos, apostando até mesmo em prorrogação do prazo final inicialmente marcado para o
dia 28; de outro, petistas e o pedetista Jefferson Péres (AM) insistiam na tese do desfecho rápido.
O clima levou o relator da investigação, Geraldo Mesquita Júnior
(PSB-AC), a ameaçar desistir da
relatoria caso o conselho não
aprovasse sua proposta de ouvir
os jornalistas, o deputado Geddel
Vieira Lima (PMDB-BA) -um
dos grampeados- e o assessor
especial da Secretaria de Segurança Pública da Bahia Alan Farias
-já indiciado pela PF.
Rodolpho Tourinho (PFL-BA) e
Antero Paes de Barros (PSDB-MT) posicionaram-se contra o
depoimento dos jornalistas antes
de eles serem ouvidos pela PF. A
estratégia de Tourinho era adiar o
depoimento deles ao conselho.
Já Heloísa Helena (PT-AL) disse
que o assunto era "matéria vencida", uma vez que foi a reportagem
da revista -em que ACM teria
confessado aos jornalistas que
mandara grampear Geddel- que
forneceu a base para o início da
investigação pelo conselho. Após
duas horas de discussão e alguns
momentos de bate-boca, foi aprovada por 9 votos a 6 a convocação
dos jornalistas, de Geddel e de Farias para a semana que vem.
Em decisão inédita, o presidente do conselho, Juvêncio da Fonseca (PMDB-MS), iniciou a reunião permitindo que o advogado
de ACM, José Gerardo Grossi,
participasse dirigindo perguntas
ao delegado da PF. Os senadores
levaram cerca de 40 minutos discutindo o assunto e decidiram
que Grossi poderia assistir, mas
não poderia perguntar nada.
Comedimento
O delegado apresentou aos senadores um breve relato sobre o
andamento das investigações e
respondeu a perguntas. Ele optou
pelo comedimento, respondendo
às dúvidas com frases lacônicas,
durante cerca de uma hora. "O
mandante do crime deve existir",
foi uma das respostas que deu.
As declarações seguiram a tônica de não antecipar conclusões
sobre quem seria o mandante dos
grampos uma vez que o inquérito
ainda está em andamento.
A PF investiga o grampo irregular de 232 telefones ocorrido entre
março e setembro do ano passado. As autorizações judiciais para
quebra de sigilo telefônico foram
adulteradas. Cinco policiais baianos já foram indiciados.
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