São Paulo, segunda-feira, 28 de março de 2005

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TODA MÍDIA

Nelson de Sá

Do sul

Na bolsa de apostas sobre o próximo papa, o "dinheiro esperto", escrevia ontem o britânico "Observer", vai para "um papa terceiro-mundista", alguém "do sul".
Mas vai, antes de tudo, para "outro conservador", seja de onde for. Afinal, os conservadores "têm a estatística do seu lado", com 97 dos 120 cardeais indicados por João Paulo 2º.
O "Observer" dá como favorito Francis Arinze, que seria o primeiro pontífice negro africano desde Gelasius, no século 6. Antes de nigeriano ou negro, ele é dado como "linha dura" contra o homossexualismo, a camisinha e o aborto.
O jornal cita ainda, entre "os favoritos terceiro-mundistas", o hondurenho Oscar Rodríguez e o brasileiro Cláudio Hummes, cardeal-arcebispo de São Paulo muito lembrado.
Cita também alguns europeus, mas o principal deles, um cardeal belga, é descartado como "muito liberal". Em síntese, "a influência do papa João Paulo 2º vai se prolongar".
 
Num momento de inesperada redescoberta do catolicismo brasileiro, na cobertura externa, o "New York Times" enviou o correspondente Larry Rohter a Juazeiro do Norte.
Foi uma longa -e carregada de ironia- reportagem sobre o padre Cícero Romão Batista, tratado como um "antivírus" ao avanço evangélico.
O correspondente registra uma suposta "boa vontade em Roma" para talvez, quem sabe, canonizar o padre.
 
E ontem no meio da tarde a cobertura brasileira, da Folha Online à Globo News, e em seguida as agências internacionais dispararam a notícia da prisão, afinal, do suposto mandante do assassinato da freira americana Dorothy Stang.
No placar das buscas de web, a notícia derrubou de imediato o "papa" d. Cláudio Hummes e o "santo" padre Cícero.

Globo/Reprodução
O Fantástico entrevista o suposto mandante da morte de Dorothy Stang, no helicóptero da Polícia Federal

"Serial killer"
Nem bem se espalhou a boa imagem da prisão e deportação de Jesse James Hollywood e lá estava, ontem no "Washington Post", a notícia do assassinato de duas turistas no Maranhão, também manchete do Jornal Nacional.
Para o jornal americano, é um "serial killer" brasileiro.

Dez mais
E o Fantástico deu ontem em destaque, com locução de Cid Moreira, que o caso Jesse James Hollywood está para ser lançado em filme nos EUA, com Justin Timberlake.
As cenas finais serão no Brasil, com consultoria da namorada brasileira de um dos "dez mais procurados" do FMI.

AS MELHORES RELAÇÕES

A secretária de Estado Condoleezza Rice voltou a declarar seu amor pelo "esquerdista" Lula em entrevista ao "Washington Post", no final de semana. Dela:
- Algumas de nossas melhores relações são realmente com governos que vêm da esquerda. Nós temos uma ótima relação com o Brasil e com o presidente Lula, por exemplo.
Foi num contexto em que voltou a criticar o venezuelano Hugo Chávez e o populismo que ele reapresenta à América Latina. Desta vez, porém, o tom de Rice foi mais contido, a ponto de estimular elogios do vice-ministro do exterior da Venezuela, em sites do país.
A inusitada concordância EUA/Venezuela aparece às vésperas da cúpula que vai reunir, na Amazônia venezuelana, os presidentes Chávez, Lula e Álvaro Uribe, da Colômbia, mais o primeiro-ministro espanhol, Jose Luis Zapatero.
É amanhã, como já anunciavam ontem os sites da Folha Online, do "Financial Times" e da agência chinesa Xinhua, entre outros.
 
Ex-ministro do exterior do México, o escritor Jorge Castañeda surgiu ontem no "Miami Herald" avisando sobre uma "corrida armamentista" que estaria "tomando forma na América Latina".
Citou, em destaque, o episódio em que Lula "foi fotografado a bordo do Tikuna", o submarino, mais as compras de armas e aviões por Chávez e até pelo chileno Ricardo Lagos. Castañeda sugeriu trocar "armas" por "arados".
Por outro lado, também no "Miami Herald", o colunista Andres Oppenheimer escreveu com algum estardalhaço que a "estratégia de combustível alternativo" do Brasil é o caminho:
- É isso que Bush deve fazer para derrubar o preço do petróleo, resolver a crise no Oriente Médio, esquecer as tiradas de Chávez contra o "imperialismo" e fazer todos os americanos mais felizes: Seguir o exemplo do Brasil.


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