São Paulo, terça-feira, 28 de março de 2006

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CRISE NO GOVERNO/A QUEDA DE PALOCCI

Escândalo derruba Palocci; Mantega assume Fazenda

 Novo ministro diz que política não será alterada; Murilo Portugal pede demissão

  Presidente da CEF afirma que entregou extratos a Palocci, é indiciado pela PF e cai


O ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, não resistiu ao escândalo da violação do sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa, que o acusou de freqüentar a chamada casa do lobby, em Brasília. Palocci entregou sua carta de demissão ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva no meio da tarde. Foi substituído ontem mesmo por Guido Mantega, que presidia o BNDES. Crítico histórico da política econômica e dos juros altos dentro do governo, Mantega mudou sua opinião: disse que o rumo adotado até agora será mantido e que o presidente é seu fiador. Horas antes, o até então presidente da Caixa Econômica Federal, Jorge Mattoso, afirmou em depoimento à Polícia Federal que entregou os dados de violação do sigilo de Francenildo diretamente a Palocci. Indiciado pela PF pelo crime, Mattoso também caiu. À noite, depois de Mantega ter vacilado quando perguntado se mudaria ou não sua equipe, o secretário-executivo da Fazenda, Murilo Portugal, também pediu demissão. O mercado, que reagira bem à demissão de Palocci, tomou a saída de Portugal como um sinal de instabilidade.
Lula relutou em aceitar a saída de Palocci. Auxiliares o alertaram de que a crise se agravara e que a ofensiva contra o caseiro estava se caracterizando como crime de Estado aos olhos da opinião pública. A estratégia do governo foi individualizar as culpas para poupar Lula. "Está ficando provado que o lado mais fraco não é o do simples caseiro. É o da mentira", disse Francenildo.
O médico Palocci foi o segundo ministro mais longevo no cargo desde o fim da ditadura militar, em 1985. Político influente no PT, foi coordenador da campanha de Lula em 2002 e firmou-se como o ministro mais poderoso da Esplanada após a queda de José Dirceu (Casa Civil) e de Luiz Gushiken (Comunicação de Governo) na esteira do escândalo do "mensalão" no ano passado.


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