São Paulo, terça-feira, 28 de março de 2006

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TODA MÍDIA

Nelson de Sá

Não apareceu o bode

Dia de "expectativa", comose lia nos sites desde cedo.
De início, as manchetes do Google Notícias citavam "o futuro de Palocci". Na Folha Online, "o destino de Palocci". A agenda de Lula trazia Aloizio Mercadante. O ministro Paulo Bernardo falava à Globo, "tem tudo para se resolver hoje".
A expectativa se rompeu à tarde, dos sites aos canais de notícias, com um consultor dizendo à Polícia Federal que "o presidente da Caixa recebeu extrato". Não demorou e veio o "plantão" previsto há semanas, até meses. No dizer de Fátima Bernardes, Palocci "pediu afastamento".
De imediato, os blogs abriram debate sobre afastamento ou demissão. O afastamento seria "a fórmula Thomaz Bastos", denunciava Ricardo Noblat, para Palocci não perder a imunidade. Não para Josias de Souza:
_ Informado do caráter irreversível da decisão do presidente, Palocci passou a encenar a pantomima do afastamento.
Jorge Moreno entrou no debate, mas logo um novo "plantão" surgia, agora na Globo News. Era Guido Mantega o ministro da Fazenda, não Mercadante _e não Murilo Portugal, substituto em caso de afastamento. Detalhou o Blog do Josias:
_ A última mentira de Palocci foi contada ao presidente. Ele havia assegurado a Lula que nada teve a ver com quebra de sigilo. No depoimento, o presidente da Caixa disse que entregou o extrato nas mãos do ministro.
Márcio Thomaz Bastos informou e aconselhou Lula, daí a demissão. "Pedido de demissão", na expressão do "Diário Oficial", segundo o Globo Online.

 

Já havia então nova controvérsia na blogosfera _se o crime de quebra do sigilo se restringe a quem vazou o extrato aos jornalistas do Blog Brasil ou envolve todos os elos da corrente.
Curiosamente, foi o Blog Brasil que apontou desde logo o tortuoso caminho dos "plantões" de ontem. Da nota "Lexotan":
_ O clima na Esplanada dos Ministérios é de muita preocupação com o presidente da Caixa. Ele foi muito pressionado a assumir a responsabilidade, mas é considerado imprevisível.
Palocci "tentou até a última hora" _e foi só Jorge Mattoso depor para o ministro jogar a tolha. Na síntese do blog, fim do dia, "não apareceu o bode".
Para registro, a abertura da escalada do "Jornal Nacional":
_ Quebra de sigilo bancário do caseiro derruba o ministro da Fazenda. Presidente da Caixa diz à Polícia Federal que entregou extrato na mão de Palocci.
 

Boa parte do "JN", vale destacar, se voltou a garantir que Mantega é mais do mesmo:
_ Como Palocci, foi sempre defensor da responsabilidade fiscal e do controle da inflação... Tem perfil técnico, bem estratégico neste momento delicado da crise política, em ano eleitoral... O novo ministro se antecipou dizendo que nada vai mudar.
Aliás, "a Bolsa caiu até a notícia da saída de Palocci":
_ Depois, a Bolsa subiu.
Nos outros telejornais, a mesma coisa. Da escalada do SBT:
_ Mercado respira aliviado. Setores financeiro e produtivo já esperavam a saída de Antônio Palocci e só querem a manutenção da política econômica.
Depois, ao vivo no "Jornal das Dez", o ministro Jaques Wagner foi na mesma direção. Mas o Blog Brasil já avisava, então:
_ Mantega não é Palocci.

MUDOU DE IDÉIA


Do "Fantástico" ao "JN", a outra Caixa

Abrindo a escalada de manchetes do "Jornal da Band":
_ Palocci não resiste à crise e pede afastamento da Fazenda. Secretário de Comunicação de São Paulo também se demite.
O caso vinha do dia anterior, da blogosfera ao "Fantástico", que destacou em sua reportagem que "Geraldo Alckmin disse que não pretende investigar caso" da Nossa Caixa.
Fim de tarde e, em meio aos "plantões" de Brasília, a rádio Jovem Pan, o canal Band News, o site Globo Online e outros noticiaram que o tucano havia mudado de idéia. Na escalada do "SBT Brasil", "Pede demissão também o assessor de Comunicação do governo de São Paulo".
 

O "Jornal Nacional" foi além, ao retratar a reação do presidenciável à manchete "publicada no jornal Folha de S.Paulo" sobre "as verbas publicitárias para aliados políticos do governador". Começou com a declaração do senador Tasso Jereissati, diante de seu candidato:
_ Eu acho que não existe nada que possa ser comprometedor, em relação à ética ou à atitude do governador. E ele está aí. Ele mesmo está aqui para responder.
Corta para o repórter, que descreve a cena dos dois:
_Mas, antes de responder, Alckmin pediu licença para acompanhar a saída do presidente do partido. Na porta, aconselhado por Tasso Jereissati, ele mudou de idéia, voltou e respondeu às perguntas dos jornalistas.
Ainda assim, nada acrescentou ao que havia declarado no dia anterior. Para encerrar, volta então o repórter:
_ No fim da tarde, o assessor de Alckmin, Roger Ferreira, pediu demissão. E o governador aceitou.
Blogs já ironizam "Geraldo ‘Banho de Ética’ Alckmin".

@ - nelsondesa@folhasp.com.br

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