São Paulo, segunda, 28 de abril de 1997.

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PERÍCIA
George Sanguinetti divulga hoje em SP novo laudo sobre a morte de Paulo César Farias e Suzana Marcolino
Namorada de PC foi espancada, diz legista

ARI CIPOLA
da Agência Folha, em Maceió

Suzana Marcolino, namorada de Paulo César Farias, foi espancada antes de levar o tiro no peito que a matou, segundo conclusão do legista alagoano George Sanguinetti.
O legista foi chamado para elaborar laudo sobre a morte de Suzana e PC pelo Ministério Público e pelo juiz do caso, Alberto Jorge Correa de Barros Lima, da 8¦ Vara Criminal de Maceió (AL).
O espancamento é um dos principais argumentos de Sanguinetti para tentar derrubar na Justiça a versão oficial do caso, que aponta crime passional: Suzana Marcolino matou PC e depois se suicidou.
O laudo preparado por Sanguinetti tem 92 páginas e conta com declarações de outros peritos criminais e legistas. O trabalho de Sanguinetti não é oficial.
A peça servirá de base para que a Justiça peça ou não uma nova perícia sobre a morte.
Sanguinetti não pôde ser nomeado perito oficial por ter se manifestado durante a apuração do caso, o que é proibido pelo Código Penal Brasileiro.
Ele foi nomeado para dar sua versão depois que a Folha divulgou as ligações de PC Farias com a Máfia italiana e com o narcotráfico.
``Após analisar a versão de Sanguinetti, chamarei para depor a equipe do Badan Palhares. Caso as dúvidas persistam, usarei a lei para convocar nova perícia'', afirmou o juiz Lima.
A íntegra do laudo será divulgada hoje em São Paulo por Sanguinetti, que diz ter outras provas de que o crime não foi passional.
``Naquele tempo, eu trabalhava com indícios. Agora, depois de estudar todos os documentos do caso, tenho provas de que houve um duplo homicídio e não um homicídio seguido de suicídio'', afirmou ele.
Sanguinetti diz que Suzana Marcolino apresentava marcas no pescoço provocadas por uma espécie de estrangulamento (não especificou se provocadas por mãos ou algum objeto), além de manchas roxas no braço direito e na face.
No laudo oficial do caso, coordenado pelo legista Fortunato Badan Palhares, da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), essas marcas são definidas como livores cadavéricos, que são coágulos de sangue, que se formariam em razão da morte, em algumas partes do corpo.
Badan Palhares
O legista Badan Palhares, autor do laudo oficial sobre a morte de PC, afirmou ontem que só vai comentar os resultados da perícia feita por George Sanguinetti se isso for solicitado pela Justiça ou pelo Ministério Público.
``É um parecer de um indivíduo, feito sem caráter oficial. Em função das contestações que ele apresenta, os legistas oficiais podem ou não ser chamados para se pronunciar'', disse.
Segundo Badan, é possível que seja feita uma confrontação entre as duas perícias. ``Eu já sei o que ele vai dizer, ele sempre repete a mesma coisa.''


Colaborou a Reportagem Local
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