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Alencar é vítima de golpe do falso sequestro
"Sou vice-presidente da República", disse ele, ao ser questionado pelo criminoso sobre sua atividade; não houve pagamento de resgate
Responsável pela segurança de Alencar, o Gabinete de Segurança Institucional não comentou o episódio nem informou se será investigado
GABRIELA GUERREIRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O vice-presidente da República, José Alencar, foi vítima
no domingo do "golpe do falso
sequestro" ao atender uma ligação telefônica em seu apartamento, no Rio de Janeiro.
Sozinho em casa, Alencar inicialmente acreditou que o suposto sequestrador estava realmente com Maria da Graça,
uma de suas filhas. Durante a ligação, o criminoso colocou
uma voz feminina pedindo socorro, dirigindo-se ao vice-presidente como "papai".
"Atendi um cidadão dizendo
que havia sequestrado minha
filha. Ele colocou ela no telefone, ela chorou e disse: "Papai, eu
fui assaltada". E eu tinha absoluta segurança de que fosse ela,
pela voz", disse.
O suposto sequestrador pediu R$ 50 mil em resgate. Alencar disse que, por estar no Rio,
não teria acesso a esse montante. O criminoso não se intimidou com a negativa do vice-presidente e pediu joias como pagamento do sequestro.
"Ele perguntou: "Não tem
joia?" Eu disse: "Não tem joia".
"Mas sua mulher não tem joia?"
"Não tem joia, ela não usa joia'",
relatou o vice.
O vice-presidente disse que
cogitou pagar o valor ao criminoso, mas percebeu que se tratava de um golpe depois que
sua mulher e alguns parentes
chegaram ao apartamento.
Sem desligar o telefone,
Alencar pediu que os familiares
telefonassem para a sua filha, e
soube então que ela estava em
segurança.
"Elas ligaram para a Maria da
Graça, minha filha. Ela estava
em casa, tudo bem", contou.
Alencar disse que, durante a
conversa, chegou a se identificar para o criminoso como vice-presidente.
"Ele me perguntou: "Qual é a
atividade do senhor?" Eu disse:
"Eu sou vice-presidente da República". "O quê?" [pergunta o
criminoso] Eu disse que era o
vice-presidente da República."
De acordo com a assessoria
da Vice-Presidência, Alencar
não chegou a negociar a redução no valor do resgate nem recorreu a amigos para levantar o
dinheiro necessário para o pagamento do criminoso enquanto conversava com o suposto
sequestrador.
O caso foi revelado ontem pelo "Jornal do Brasil".
Insegurança
Alencar disse que "não houve
tempo" de pagar o resgate porque seus familiares identificaram rapidamente a farsa, mas o
vice reconheceu que os casos
de falso sequestro são "altamente preocupantes" no país.
O vice-presidente disse que,
durante toda a conversa, conseguiu manter a calma ao dialogar com o criminoso. "Papai
nos ensinava uma coisa muito
importante. Papai ensinava
que o desespero não ajuda. Então eu tive calma", disse.
O vice contou que conversou
com o "camarada" por vários
minutos, com "paciência", o
que permitiu o desfecho tranquilo do episódio.
Questionado se a tentativa de
golpe não evidencia a fragilidade no sistema de segurança pública do Brasil, Alencar afirmou
que não se sentiu desprotegido,
mesmo sendo vítima do golpe
do falso sequestro. "Tudo bem,
passou."
O GSI (Gabinete de Segurança Institucional) da Presidência da República, responsável
pela segurança do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva e do
vice-presidente, não quis comentar o episódio.
O gabinete não confirmou se
abriu alguma investigação para
apurar o caso. Segundo a assessoria do GSI, como o assunto
envolve a segurança do vice-presidente, ele deve ser tratado
de forma sigilosa.
Segundo informações da assessoria da Vice-Presidência, o
órgão também não vai investigar o golpe sofrido pelo vice-presidente, muitas vezes praticado por criminosos que estão
dentro das penitenciárias do
Rio de Janeiro.
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