São Paulo, Quarta-feira, 28 de Abril de 1999
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SISTEMA FINANCEIRO
Tucanos haviam desistido de presidência; Parga deve fazer exames
Pefelista se afasta e PSDB assume comando da CPI

da Sucursal de Brasília


O senador José Roberto Arruda (PSDB-DF), ex-líder do governo no Congresso, assumiu interinamente ontem a presidência da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) dos Bancos, em meio a rumores sobre problemas de saúde do titular do cargo, Bello Parga (PFL-MA), e muita confusão na cúpula política do governo.
Na véspera, em entrevista ao programa "Roda Viva", na TV Cultura, o presidente Fernando Henrique Cardoso disse que gostaria que seu partido, o PSDB, tivesse assumido a presidência da CPI.
A saída de Parga chegou a ser vista como a chance de o PSDB recuperar o comando da investigação.
Na época da criação da comissão, os senadores tucanos recusaram a oferta pefelista para presidir os trabalhos porque consideravam a CPI dos Bancos inoportuna. Preferiram manter distância.
No início da tarde de ontem, o presidente do Congresso, senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), disse que Arruda assumirá a presidência da CPI em caráter definitivo, caso haja necessidade.
Já o líder do PSDB, senador Sérgio Machado (CE), afirmou que o cargo é do PFL. Caso Parga fique impossibilitado de reassumir a presidência, os pefelistas deverão escolher seu substituto, avaliou.
Segundo ACM, Parga (atualmente com 70 anos) viajaria ontem mesmo para São Paulo para fazer exames no Incor (Instituto do Coração). Parga teria passado mal depois da tumultuada sessão da comissão em que determinou a prisão do ex-presidente do Banco Central Francisco Lopes.
A informação sobre os exames não foi confirmada pela assessoria de Parga. Arruda e o relator da CPI, João Alberto (PMDB-MA), disseram que Parga viajaria ao Rio para tratar de assuntos pessoais.
Arruda foi chamado ao gabinete de Parga ao meio-dia de ontem. O presidente da comissão disse que viajaria para tratar de interesses particulares e que retornaria hoje.
Na tumultuada sessão da véspera, ACM desautorizou Parga. O presidente da CPI quis fazer um recesso de cinco minutos no momento em que Lopes se recusou a assinar o termo de compromisso por meio do qual prometeria dizer a verdade na condição de testemunha. "De jeito nenhum", disse o presidente do Congresso.
O presidente nacional do PMDB e autor do requerimento de abertura da CPI dos Bancos, senador Jader Barbalho (PA), afirmou ontem que Parga retomará a presidência da CPI hoje.
Ele afirmou que aprovou o comportamento de Parga durante a sessão de anteontem: "Ele agiu com correção e elegância".

Reconvocação
O senador Pedro Simon (PMDB-RS) propôs ontem à CPI dos Bancos a reconvocação do ex-presidente do BC Francisco Lopes. Ele não seria convocado como testemunha, mas sim como acusado.
A proposta seria votada após o depoimento do ex-diretor de Fiscalização do BC Cláudio Mauch.
A proposta de reconvocação já havia sido feita pelo senador Eduardo Suplicy (PT-SP) no plenário do Senado. Foi rechaçada pelo vice-presidente da CPI, senador José Roberto Arruda (PSDB-DF), e por Jader.
"Não vejo por que chamar uma pessoa que desrespeitou o Senado por duas vezes", afirmou Arruda.


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