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Vice ameaça Santos com prisão
FLÁVIA DE LEON
da Sucursal de Brasília
O vice-presidente da CPI do Judiciário, senador Carlos Wilson
(PSDB-PE), disse ontem que o juiz
aposentado Nicolau dos Santos
Neto, ex-presidente do TRT (Tribunal Regional do Trabalho) de
São Paulo, será preso se recusar-se
a comparecer a seu depoimento,
marcado para amanhã.
"Se ele não vier, mandaremos
buscá-lo preso", afirmou. Segundo Carlos Wilson, como é aposentado, foi intimado e assinou o documento de convocação, Santos
Neto poderá ser trazido à comissão
por ordem judicial, ou "debaixo de
vara", no jargão jurídico.
Mas os senadores preferem acreditar que Santos Neto não repetirá
a estratégia do ex-presidente do
Banco Central Francisco Lopes.
Anteontem, Lopes chegou a apresentar-se à CPI dos Bancos, mas
recusou-se a assinar o termo de
compromisso de dizer a verdade
na CPI. Saiu do prédio do Senado
preso pela Polícia Federal.
O presidente da comissão, senador Ramez Tebet (PMDB-MS),
disse que só pensará no que fazer
no momento em que consumar-se
a eventual recusa.
Ramez Tebet afirmou também
que saberá como proceder ""na hora certa", se a recusa ao depoimento vier a ocorrer.
"Quem toma uma posição dessas
só faz complicar-se. Além de ser
uma confissão de culpa, fica mal
perante a opinião pública", avaliou Wilson. O relator da comissão, Paulo Souto (PFL-BA), não
quer nem pensar na hipótese.
O presidente da Câmara, Michel
Temer (PMDB-SP), também alertou para o risco de que pessoas
convocadas para depor sigam o
exemplo de Francisco Lopes.
Enquanto aguarda o momento
de interrogar Santos Neto, acusado de enriquecimento ilícito pelo
Ministério Público Federal em São
Paulo, a CPI tenta rastrear as contas e também os movimentos de
Santos Neto em Miami. A comissão pediu, por intermédio do ministro da Justiça, Renan Calheiros,
ajuda à Polícia Federal e à Interpol.
Desde ontem, a CPI conta com a
ajuda de um funcionário da Receita Federal e terá a colaboração da
Procuradoria Geral da República.
Esses auxiliares vão ajudar os senadores a decifrar os documentos
referentes à quebra dos sigilos
bancário, telefônico e fiscal de Santos Neto, que começaram a chegar
anteontem e têm de ser analisados
antes do depoimento.
TRT-PB
O vice-presidente do TST (Tribunal Superior do Trabalho), Almir Pazzianotto, foi acusado ontem de obstruir as tentativas de
moralizar o TRT (Tribunal Regional do Trabalho) da Paraíba, onde
há denúncias de nepotismo, contratação irregular de funcionários
e uso indevido de verbas públicas.
A acusação foi feita pelo juiz Vicente Vanderlei Nogueira de Brito,
afastado da presidência do TRT-PB em 1997 por determinação do
TST. O depoimento de Brito levou
alguns dos senadores da CPI a analisarem a hipótese de defender, no
relatório final, a extinção do TST.
Em depoimento à CPI do Judiciário, Brito disse que Pazzianotto
impediu o afastamento dos parentes dos juízes do TRT ao interpretar que a lei que proíbe o nepotismo, publicada em 1996, não poderia ser retroativa.
Segundo ele, Pazzianotto chegou
a apoiá-lo quando começou a tomar medidas para moralizar o tribunal, como anular a requisição de
funcionários que eram desconhecidos em seus supostos órgãos de
origem e cortar comissões de parentes.
Brito também acusou o juiz nomeado interventor no TRT-PB,
Ruy Eloy, de não prosseguir com
suas medidas moralizadoras no
tribunal.
Segundo ele, Eloy "não tem agido corretamente em muitos pontos de sua administração". Ruy
Eloy será ouvido hoje pela CPI do
Judiciário.
Pazzianotto enviou ontem à CPI
um ofício de cinco páginas em que
descreve o roteiro de suas medidas
e diz ter recebido denúncia contra
Brito. Ele não especifica qual irregularidade teria sido cometida pelo juiz.
Pazzianotto disse que, se for convocado pela CPI, vai repetir o que
está no ofício. Ele disse que considera considera sua ação como corregedor no caso correta.
Colaborou
Luiza Damé,
da Sucursal de Brasília
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