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São Paulo, quarta-feira, 28 de maio de 2003

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Documento petista critica Benedita

GABRIELA ATHIAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Documento interno do PT faz várias críticas à gestão da ministra Benedita da Silva (Assistência e Promoção Social). A mais incisiva delas condena a subordinação do Fundo Nacional de Assistência Social ao gabinete da ministra: "Abre precedente para uma agenda estranha aos interesses da assistência social como pública".
Até o governo passado, o fundo estava subordinado à Secretaria de Política e Assistência Social, onde ficava a cargo de uma diretoria específica. Quando a secretaria ganhou status de ministério, no início do governo Lula, o fundo passou a ser subordinado ao gabinete de Benedita. O fundo dispõe de R$ 7 bilhões é o quarto maior orçamento da área social.
O texto critica também a forma de atendimento das famílias carentes. Segundo o documento, criar escritórios do ministério nos municípios fere a descentralização prevista na Constituição federal e na Lei Orgânica da Assistência Social, além de "recriar velhas estruturas".
As críticas foram feitas por um grupo que faz parte do chamado Setorial Social do PT, mas seus integrantes não querem se identificar para evitar represálias por parte da direção do PT. O documento, feito no início de abril, circulou nos gabinetes dos deputados ligados à área de assistência social, como Tarcisio Zimmermann (RS) e Maria do Rosário (RS), e foi divulgado agora porque membros do setorial não concordam com o tratamento que o partido está dispensando aos chamados radicais, como a senadora Heloísa Helena (AL).
Na lógica desses petistas, o documento mostra que, além dos radicais da bancada, há os "radicais da área social", que discordam da política de assistência.
As críticas foram feitas no auge da crise entre a ministra e os petistas ligados à área social. Um exemplo disso foi um fórum de assistentes sociais, em abril, em Brasília. O evento contou com a participação de 600 pessoas, em sua maioria petistas ou simpatizantes. A ministra não compareceu. Quando sua ausência foi anunciada, a platéia vaiou. Deputados do PT presentes ao evento telefonaram para o ministro José Dirceu (Casa Civil). Depois disso, Benedita reuniu-se uma vez com a bancada do partido na Câmara.
Após a intervenção de Dirceu e do presidente do PT, José Genoino, ficou decidido que pelo menos três membros do Setorial Social vão começar a trabalhar no Ministério da Ação Social para facilitar um entendimento.
O deputado Zimmermann disse que, apesar de ser um "radical da área social", as relações entre a ministra e os militantes do setor já estão muito melhores. Disse que o fato de os R$ 7 bilhões terem migrado para o gabinete da ministra pode significar o início de uma política mais austera nesse setor.


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