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Documento petista critica Benedita
GABRIELA ATHIAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Documento interno do PT faz
várias críticas à gestão da ministra
Benedita da Silva (Assistência e
Promoção Social). A mais incisiva
delas condena a subordinação do
Fundo Nacional de Assistência
Social ao gabinete da ministra:
"Abre precedente para uma agenda estranha aos interesses da assistência social como pública".
Até o governo passado, o fundo
estava subordinado à Secretaria
de Política e Assistência Social,
onde ficava a cargo de uma diretoria específica. Quando a secretaria ganhou status de ministério, no início do governo Lula, o fundo passou a ser subordinado ao gabinete de Benedita. O fundo
dispõe de R$ 7 bilhões é o quarto
maior orçamento da área social.
O texto critica também a forma
de atendimento das famílias carentes. Segundo o documento,
criar escritórios do ministério nos
municípios fere a descentralização prevista na Constituição federal e na Lei Orgânica da Assistência Social, além de "recriar velhas
estruturas".
As críticas foram feitas por um
grupo que faz parte do chamado
Setorial Social do PT, mas seus integrantes não querem se identificar para evitar represálias por
parte da direção do PT. O documento, feito no início de abril, circulou nos gabinetes dos deputados ligados à área de assistência
social, como Tarcisio Zimmermann (RS) e Maria do Rosário
(RS), e foi divulgado agora porque membros do setorial não
concordam com o tratamento
que o partido está dispensando
aos chamados radicais, como a
senadora Heloísa Helena (AL).
Na lógica desses petistas, o documento mostra que, além dos
radicais da bancada, há os "radicais da área social", que discordam da política de assistência.
As críticas foram feitas no auge
da crise entre a ministra e os petistas ligados à área social. Um
exemplo disso foi um fórum de
assistentes sociais, em abril, em
Brasília. O evento contou com a
participação de 600 pessoas, em
sua maioria petistas ou simpatizantes. A ministra não compareceu. Quando sua ausência foi anunciada, a platéia vaiou. Deputados do PT presentes ao evento
telefonaram para o ministro José
Dirceu (Casa Civil). Depois disso,
Benedita reuniu-se uma vez com
a bancada do partido na Câmara.
Após a intervenção de Dirceu e
do presidente do PT, José Genoino, ficou decidido que pelo menos três membros do Setorial Social vão começar a trabalhar no
Ministério da Ação Social para facilitar um entendimento.
O deputado Zimmermann disse
que, apesar de ser um "radical da
área social", as relações entre a
ministra e os militantes do setor já
estão muito melhores. Disse que o
fato de os R$ 7 bilhões terem migrado para o gabinete da ministra
pode significar o início de uma
política mais austera nesse setor.
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