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Greves de servidores desafiam governo Serra
Secretário de Gestão diz que associações têm vínculos com o PT; sindicalistas reagem e atribuem paralisação à política salarial
Queixando-se da falta de diálogo com o governo, os sindicatos dos servidores convocaram para amanhã greve por melhores salários
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Numa amostra do que o espera até as eleições, o governador de São Paulo e potencial
candidato do PSDB à Presidência, José Serra, enfrenta a partir de amanhã manifestações
do funcionalismo público.
Queixando-se de falta de diálogo, sindicatos de servidores
convocaram para amanhã uma
paralisação por maiores salários. A convocação é geral, mas
deve ter maior adesão dos professores. Atribuindo à crise as
dificuldades para concessão de
reajuste, integrantes do governo apostam no esvaziamento
do protesto e enxergam inspiração política no movimento.
A tensão é acirrada por uma
queda-de-braço entre governo
e outros Poderes. Legislativo e
Judiciário decidiram conceder
reajuste de 6% aos funcionários. No caso do Judiciário, a
conta irá para o governo.
Dois projetos enviados pelo
Judiciário à Assembleia exigem
R$ 290 milhões adicionais do
Estado. A equipe econômica se
recusou a cobrir a despesa.
Porta-voz do governo, o secretário de Gestão, Sidney Beraldo, alega que foram atendidas demandas históricas, "tanto é que houve um aumento
real de 14,2% da folha".
Beraldo reproduz discurso
corrente no governo -o de que,
dirigidos por filiados a partidos
de oposição, sindicatos são instrumentos de luta política.
"Não posso negar que tem um
viés político-partidário e, em
período eleitoral, sempre a tendência é esquentar os ânimos",
disse Beraldo, afirmando que
"a grande maioria das entidades sindicais ligadas ao setor
público tem tendências partidárias", especialmente do PT, e
contam com o apoio da CUT.
Filiada ao PT, a presidente da
Apeoesp (sindicato dos professores da rede de São Paulo),
Maria Izabel Azevedo Noronha, reage: "Sou professora. Tenho clareza. O descontentamento é que foi me atraindo
para a luta", afirmou Maria Izabel, que reivindica destinação
de R$ 7 bilhões ao reajuste.
O presidente do conselho do
funcionalismo, Carlos Ramiro
Castro, critica a política salarial
do governo, que, segundo ele,
baseia-se em gratificações que
não se incorporam aos salários:
"Existem casos de servidores
que recebem mais em gratificações do que no salário em si".
Em novo capítulo da disputa
com o PT, Serra cobrou ontem
de sua equipe o registro de imagens antes e depois de suas realizações. Na visita às obras da
Etec (escola técnica) de Paraisópolis, lembrou que ali havia
entulho e uma escola de lata,
sugerindo ao secretário Geraldo Alckmin (Desenvolvimento) a exposição de uma foto de
como era o lugar: "Já pedi
exaustivamente. Tem que documentar o antes e o depois. Se
não, perdem a memória".
Já em discurso, Serra disse
que, a partir de sua gestão, os
CEUs -marca da petista Marta
Suplicy- ganharam maior capacidade e estão ainda mais bonitos e mais baratos.
A pedido do PSDB, Serra terá
aparição pública ao lado do governador Aécio Neves na semana que vem, no Paraná.
Colaborou FERNANDO BARROS DE MELLO, da Reportagem Local
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