São Paulo, quinta, 28 de maio de 1998

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FHC E OS SAQUES

Leia a seguir declarações do presidente Fernando Henrique Cardoso sobre os saques:

"Não estou dizendo que o saque ocorreu só porque tivesse uma intenção política. Ocorreu porque tinha dificuldade. Tinha gente sem comida. Aí é um dado objetivo. Não é do meu estilo negar a realidade."

"O que estou dizendo é que, uma vez que começa a haver organização, como começou, se há disposição de todos de resolver a questão, o saque muda até de sentido simbólico."

"A discussão que houve aí: "Ah! Mas quem está com fome tem direito a assaltar.' Isso não tem discussão. O problema é quem não está com fome. Os que não estão com fome estão usando a fome para assaltar. Se isso acontecer, tem de ser punido."

"Agora, quem é responsável pela ordem pública? Sou eu? É o Exército? Não. Isto aqui é uma federação. Tem responsabilidades constitucionais definidas. É a polícia local, Polícia Militar, Polícia Civil."

"Os governadores são os responsáveis diretos pela ordem pública. O Exército não é polícia. Em circunstâncias especiais é que você pode, a pedido de governadores, utilizar o Exército. Senão, é intervenção militar. Voltamos ao regime ditatorial. O presidente manda e acontece? Nós estamos numa democracia. Quer dizer, a democracia exige que se assuma a responsabilidade. O governador, o prefeito e o presidente, a seu nível, assumam as responsabilidades."

"Eu não faltarei à decisão, se necessário, como nunca faltei, de, não havendo outras condições, o Exército cumprir a sua determinação constitucional que é a de manter os Poderes da República e a ordem em última instância."

"O presidente da República não aceita, não aceita, porque constitucionalmente não deve aceitar, porque pessoalmente não aceito, a baderna. E há elementos de baderna, de desordem, de gente que quer fazer desordem. Isso é contra a democracia. É contra a lei."

"Não quero ver o Brasil, de novo, num regime em que o presidente tenha de mandar prender, mandar o Exército. Eu não vou fazer isso."

"O Brasil precisa continuar na estabilidade, com rumo, acreditando no seu futuro, trabalhando. Claro, checando, criticando, mas não mentindo, não deformando, não induzindo que as pessoas, até mesmo por desespero, pratiquem atos que não são condizentes com o próprio interesse deles."

"O governador (Jaime) Lerner (PR) me telefonou anteontem, eu creio, para dizer que havia seis bancos ocupados pelo MST. O MST não tem, quando o MST, se é verdade que o MST entrou num banco, ele é igualzinho, igualzinho, a alguém que entrou num banco como assaltante. Pode usar o pretesto que quiser, mas a forma de atuar está errada e tem que ser tirado de lá. Quem é que tira, é o Exército? Não. É a polícia."

"Exército não é feito para tirar ninguém que está dentro de uma ocupação. O Exército é feito para guerra e por isso mesmo tem que tomar muito cuidado, porque isso não pode ser feito com violência. Tem que tirar, digamos, com força, mas não com violência."

"Talvez haja quem queira, quem ache até "proveitoso' ter um cadáver. Eu tenho horror disso. Nós não queremos cadáver. Nós queremos no Brasil bandeiras brasileiras flutuando e não corpos sendo levados em triunfo, falso triunfo pelas ruas para dizer que há ditadura no Brasil, quando existe um país democrático, um presidente aberto, democrático, que sempre lutou contra a ditadura."



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