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ROMBO AMAZÔNICO
Ex-gerente confirma em depoimento que senador era cliente do Hilton, onde foi visto no dia da venda de TDAs
PF pede registro de hospedagem de Jader
RONALD FREITAS
DA REPORTAGEM LOCAL
O delegado Luís Fernando Ayres requereu ontem ao hotel Hilton de São Paulo informações sobre a eventual hospedagem do
presidente do Senado, Jader Barbalho (PMDB-PA), em dezembro
de 1988. No dia 12 daquele mês e
ano, o peemedebista foi visto na
companhia do fazendeiro Vicente
Pedrosa da Silva no saguão do hotel, minutos depois de Pedrosa ter
recebido o pagamento pela venda
de TDAs (Títulos da Dívida Agrária) irregulares.
Na ocasião, Pedrosa entregou o
cheque a Jader, de acordo com
conversa entre o ex-banqueiro Serafim de Moraes, sua mulher Vera
Campos e o advogado Gildo Ferraz. Os diálogos, gravados por
Ferraz, foram publicados pela revista "IstoÉ".
O Hilton, que mantém arquivado o registro de hóspedes do período, também terá de informar
sobre o registro de Pedrosa e sua
mulher, Diana Maria de Paula.
O alemão Johane Trenkle, que
gerenciou o hotel de 1987 até a sua
aposentadoria, em janeiro de
2000, confirmou em depoimento
a Ayres, ontem, ter visto Jader várias vezes no Hilton de São Paulo.
Mais de uma vez, Trenkle teria
cumprimentado Jader e sua ex-mulher, a deputada Elcione Barbalho (PMDB-PA).
Na semana passada, em entrevista à Folha, Trenkle disse que
recebia Jader pessoalmente. O então ministro da Reforma e Desenvolvimento Agrário tinha tratamento especial por ser um hóspede vip. Trenkle conheceu o casal
Barbalho quando trabalhou no
hotel Hilton de Belém, antes de
ser transferido para São Paulo.
Recibo inédito
O encontro entre o senador e o
fazendeiro no saguão do hotel foi
revelado por Vera Campos. "Pedi
a Pedrosa para me apresentar a
Jader numa tentativa de salvar a
fazenda Timboré", disse. Primeira fazenda comprada por Serafim,
em 1954, a Timboré tinha sido desapropriada em 1986. Até hoje o
casal não recebeu a indenização
pela desapropriação, segundo a
ex-corretora.
Vera e o marido também depuseram ontem na superintendência da Polícia Federal em São Paulo. Ao final do depoimento, a ex-corretora abriu mão dos sigilos
bancário e telefônico, dois dias
depois do Senado determinar a
quebra do sigilo dela, de Serafim e
de Pedrosa.
"Não fiz o mesmo porque, desde que meu banco [Agrobanco"
foi liquidado, eu não tenho conta
bancária", disse Serafim.
Vera entregou ao delegado a cópia de um recibo de cartão de crédito emitido por um restaurante
de São Paulo, no dia 6 de dezembro de 1988. "Nesse dia, eu e o Serafim almoçamos ou jantamos
com o Pedrosa no La Traineira",
disse. O recibo não prova que Pedrosa tenha estado com o casal no
restaurante. Para Vera, entretanto, é mais uma tentativa de confirmar os seguidos encontros que o
casal diz ter tido com o fazendeiro
nos dias que antecederam a compra dos TDAs.
Desapropriação irregular
Os 55,2 mil títulos comprados
por Serafim e Vera de Pedrosa representam apenas 7% do total de
TDAs comprados pelo casal para
quitar as dívidas do Agrobanco.
Os TDAs entregues por Pedrosa,
porém, foram obtidos com a desapropriação irregular da fazenda
Paraíso. "Nós não sabíamos das
irregularidades", disse Serafim.
"É impressionante que em um
mês o Vicente [Pedrosa" tenha
conseguido desapropriar a fazenda e receber os TDAs como pagamento. Nós esperamos receber
pela Timboré há 13 anos", afirmou Vera.
Por causa das irregularidades,
Pedrosa foi condenado a seis anos
de prisão e a multa de 750 salários
mínimos. Jader, ministro na época da desapropriação, foi excluído
do processo que condenou outras
três pessoas. Pedrosa, que está em
liberdade, será ouvido pelo delegado Ayres hoje, em Brasília.
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