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REFORMA NO ESCURO
Votação conjunta do Congresso derruba pleitos da oposição
Nova LDO abre espaço para renegociar dívida agrícola
LUIZA DAMÉ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo cedeu à pressão da
bancada ruralista e incluiu na
LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) de 2002 dispositivo que
permite a renegociação das dívidas agrícolas. Deputados e senadores concluíram ontem a votação da LDO e podem entrar em
recesso a partir do dia 1º.
Em sessão conjunta do Congresso, foram negadas propostas
da oposição para aumentar o salário mínimo e o dos servidores,
destinar mais recursos para a saúde, reduzir o superávit das estatais
e corrigir a tabela do Imposto de
Renda da Pessoa Física.
O Ministério do Planejamento,
responsável pela negociação, conseguiu evitar que o superávit de
R$ 31,7 bilhões previsto originalmente fosse reduzido, como queriam a oposição e parte da base.
A autorização para renegociar
dívidas agrícolas, entre R$ 28 bilhões e R$ 32 bilhões, foi a única
mudança aprovada em plenário.
Foi negociada com a relatora, deputada Lúcia Vânia (PSDB-GO),
com aval do governo.
"Conseguimos quebrar o bloco
monolítico do governo", comemorou Ronaldo Caiado (PFL-GO), um dos líderes da bancada
ruralista e responsável pela negociação. "Isso mostra o lado que o
governo escolhe: para quem é generoso e para quem é perverso",
afirmou José Genoino (PT-SP).
O líder do governo na Câmara,
Arnaldo Madeira (PSDB-SP), disse que a renegociação foi só autorizada. "O governo não vai abrir
as porteiras no último ano", afirmou. "É apenas uma carta de intenções", completou Ricardo Barros (PPB-PR), líder do governo na
Comissão Mista de Orçamento.
A bancada ruralista (com deputados e senadores, inclusive de
oposição, ligados ao setor agropecuário) frequentemente dá trabalho ao governo. Em 99, também
aprovou a renegociação. Por pouco não conseguiu perdoar até
60% dos débitos dos devedores.
Os ruralistas preparam um projeto para renegociar as dívidas.
Segundo Caiado, coordenador da
subcomissão de renegociação das
dívidas agrícolas, houve três audiências públicas sobre o assunto.
O primeiro passo era incluir a renegociação na LDO, atendendo à
Lei de Responsabilidade Fiscal.
A LDO foi enviada para sanção
presidencial. Os dados propostos
pelo governo foram mantidos: a
meta de economia de R$ 31,7 bilhões para pagar juros da dívida
pública, a taxa de câmbio de R$
2,15, o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) de 4,5% e a
meta de inflação de 4%.
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