São Paulo, quinta-feira, 28 de junho de 2001

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Corrupção permanece alta no país, afirma levantamento mundial

DA REPORTAGEM LOCAL

A percepção sobre a corrupção no Brasil se mantém estável desde 1999, segundo pesquisa mundial divulgada ontem pela organização Transparência Internacional. De acordo com o levantamento, o Brasil é o 46º país mais honesto. Era o 49º na pesquisa de 2000.
O levantamento, feito em 91 países, apresenta uma escala de zero a dez. Quanto menor a nota, maior a percepção da corrupção. É baseado na opinião de investidores, funcionários de multinacionais e analistas estrangeiros.
O Brasil recebeu nota 4,0 - considerada ruim. São classificados como países pouco corruptos os que tiveram índice acima de 7,0. No ano passado, a nota brasileira foi de 3,9. Em 1999, foi 4,1.
"Isso significa que, apesar de todas as denúncias de escândalos, a sensação é que quase nada mudou no combate à corrupção no Brasil nos últimos anos", disse Eduardo Capobianco, presidente da ONG Transparência Brasil.
No ranking da honestidade da América do Sul, o Brasil está abaixo do Chile (que recebeu nota similar à dos EUA), do Uruguai e do Peru (que nos próximos meses vai julgar o ex-assessor presidencial Vlademiro Montesinos pelo desvio dos cofres públicos de quase US$ 500 milhões).
Pelo segundo ano consecutivo, a Finlândia foi considerada o país mais honesto, seguida da Dinamarca e da Nova Zelândia. Bangladesh é o pior do ranking.
Na divulgação dos índices, a seção brasileira da Transparência Internacional cobrou a ratificação pelo Congresso de um tratado da Organização dos Estados Americanos permitindo a extradição de acusados de corrupção.
"No Brasil, as pessoas tem uma sensação de que corrupção é um problema moral. Não é. É um problema dos mecanismos do Estado. Existe uma relação muita clara mostrando que, quanto pior é o funcionamento do Poder Judiciário, maior é a corrupção no país. Se a ação do corrupto for dificultada, a corrupção diminui", afirmou o secretário-geral da Transparência Brasil, Cláudio Werner Abramo.
A pesquisa da organização não contabiliza pesquisas de opinião pública, apenas levantamentos seletivos. É uma compilação de outros levantamentos anuais sobre honestidade feitos por organismos como o Banco Mundial e o Fórum Econômico Mundial e empresas de auditoria como a PricewaterhouseCoopers.
Para chegar à nota final do Brasil, a Transparência Internacional levou em consideração pesquisas de cinco fontes diferentes.


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