São Paulo, quinta-feira, 28 de junho de 2001

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SUCESSÃO NO ESCURO

Ato lembra o de Paes de Andrade

Aécio aproveita Presidência para fazer política em Minas Gerais

RANIER BRAGON
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

O deputado Aécio Neves (PSDB-MG) é presidente por menos de 72 horas, mas quer deixar sua marca. Pelo menos "junto ao povo de Minas Gerais", trazendo ecos de outros ocupantes passageiros da Presidência da República que tentaram prestigiar suas regiões de origem -a lembrança de do deputado Paes de Andrade é imediata. No dia 24 de fevereiro de 1989, o deputado Paes de Andrade (PMDB-CE) aproveitou sua interinidade para levar, no Boeing presidencial, uma comitiva de 63 pessoas a Mombaça, sua cidade natal.
Aécio concedeu ontem entrevista exclusiva à rádio mineira Itatiaia. "Aproveito para prometer resgatar, antes de devolver o cargo a Fernando Henrique Cardoso, uma dívida histórica do governo federal e do país [em relação a uma das regiões mais pobres de Minas Gerais"".
Aécio, pré-candidato ao governo mineiro em 2002, não quis adiantar o teor da medida, mas disse que o ato estaria sendo negociado com a Casa Civil, com a Secretaria-geral da Presidência e com o ministro da Integração Nacional, Ramez Tebet (PMDB).
A Agência Folha apurou que uma das medidas estudadas é a inclusão nos cadastros da Agência de Desenvolvimento do Nordeste -que substituiu a Sudene (Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste)- dos 23 municípios do vale do Mucuri, no nordeste de Minas, uma das regiões mais pobres do Estado.
O ato de Aécio, caso haja acordo, estava previsto para ser anunciado hoje pela manhã.
"Tenho certeza de que farei isso com o sentimento voltado para Minas Gerais, para a minha terra", disse à rádio mineira.
Apesar de ser natural de Belo Horizonte, Aécio foi o segundo deputado federal mais votado nos vales do Mucuri e Jequitinhonha, nas eleições de 1998, tendo recebido, na região, 37.225 votos, que representaram 20% de sua votação total no Estado.
O deputado procurou na entrevista ressaltar que seus três dias na Presidência seriam voltados, prioritariamente, para questões de seu Estado.
"Eu cumpro a interinidade da Presidência da República com a liturgia que o cargo merece, mas, sempre, permanentemente, com os olhos voltados para minha Minas Gerais", disse.
Embora não tenha declarado abertamente sua candidatura ao governo do Estado, dizendo que, por enquanto, não é postulante a nada, o presidente interino assinalou que seu caminho em 2002 passa, "inexoravelmente", por Minas Gerais.


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