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GOVERNO OU OPOSIÇÃO?
Documento do partido critica ainda relação com MST; PC do B quer mudar reforma da Previdência
Aliado, PPS ataca política econômica de Lula
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo federal voltou ontem
a ser alvo da artilharia dos aliados
descontentes com os rumos da
administração de Luiz Inácio Lula
da Silva. Pela segunda vez desde
março, o PPS divulgou um documento em que ataca pontos centrais do governo -desta vez, a
política econômica, o mecanismo
para preencher cargos e a relação
com o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra).
Já o PC do B realizou conferência nacional reafirmando o apoio
a Lula, mas deixando claro que
cobra mudanças importantes na
reforma da Previdência em tramitação na Câmara dos Deputados.
O documento do PPS -partido
da base e ao qual pertence o ministro Ciro Gomes (Integração
Nacional)- tem dez páginas e foi
elaborado pelo presidente nacional da legenda, deputado Roberto
Freire (PE), sob o título "O Brasil
quer mudanças reais".
Nele, o deputado afirma "que os
grandes interesses nacionais estão
comprometidos pela política monetária colocada em prática pelo
governo federal".
Freire também foi o responsável
por elaborar, em março, o primeiro documento crítico, em que
acusava o governo de não ter um
projeto estratégico para administrar o país. O texto foi entregue a
parlamentares do partido e irritou membros do governo e do PT.
No documento de ontem
-também entregue ao chefe de
gabinete de Lula, Gilberto Carvalho-, Freire se concentra principalmente na questão econômica,
dando demonstrações de que o
PPS ainda não está convicto de
que o governo pretende adotar
políticas de crescimento.
"A prudência pode até explicar
a continuidade dos traços conservadores da política econômica de
Fernando Henrique Cardoso nestes primeiros cinco meses de governo Lula", diz o texto. "Entretanto, tememos que ela possa ser,
para além da prudência, o resultado da falta de um programa de
mudanças, da pouca ousadia e da
capitulação ao financismo que
garroteia o esforço nacional de
poupança e desenvolvimento."
O documento diz ainda ser "inconcebível" a manutenção da taxa de juros em 26% ao ano, critica
um suposto abandono da política
cambial, uma suposta rendição ao
capital volátil e defende uma alteração no cálculo do superávit primário (receita menos despesas,
excluído o pagamento de juros).
Fora da área econômica, o texto
do PPS cobra ainda do governo a
não-rendição à prática de privilegiar as indicações políticas em detrimento das técnicas nas ocupações dos cargos federais. "Os setores estratégicos e as atividades essenciais do Estado (...) não podem
ser instrumentalizados partidariamente, muito menos serem objetos de barganhas políticas", diz
outro trecho do documento.
Outra forte crítica foi direcionada à relação do governo com o
MST. Freire considera que o Planalto está sendo leniente com o
movimento, que, a exemplo das
ligas camponesas do início da década de 60, estariam defendendo
uma reforma agrária "na lei ou na
marra". "Tudo isso com uma certa tolerância no interior do governo", diz o documento do PPS.
O PC do B, por sua vez, deve
aprovar amanhã texto em que
reafirma o apoio ao governo, que
teria representado "uma virada
política no país", segundo as palavras do presidente nacional da legenda, Renato Rabelo.
Apesar das declarações, ficou
claro no encontro que a legenda
tem sérias restrições à reforma da
Previdência. O PC do B apresentou ainda sete emendas ao projeto, entre elas a que suprime a cobrança dos servidores inativos.
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