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Pistoleiro se contradiz durante
julgamento de fazendeiros no MA
em Imperatriz (MA)
A principal testemunha de acusação no julgamento do assassinato do padre Josimo Moraes Tavares, o ex-jornaleiro Geraldo Rodrigues da Costa, 42, tentou ontem
inocentar três dos seis fazendeiros
acusados como mandantes do crime. Ao final, porém, acabou se
contradizendo em alguns pontos.
Tavares, que era coordenador da
Comissão Pastoral da Terra em
Imperatriz (MA), foi morto em 15
de abril de 1986 na cidade maranhense.
O julgamento de Guiomar Teodoro da Silva, Adailson Gomes
Vieira e Geraldo Paulo Vieira, três
dos seis fazendeiros apontados como mandantes do crime, começou
ontem em Imperatriz.
Geraldo Rodrigues da Costa foi
condenado em 1988 a 18 anos e 6
meses de prisão depois de confessar que matou o padre a pedido de
um grupo de fazendeiros da região
do Bico do Papagaio (norte de Tocantins).
Quando foi preso, revelou os nomes de seis mandantes e do co-autor do crime, Vilson Cardoso
-que se encontra foragido.
Ontem, porém, respondeu às
primeiras perguntas feitas pelo
juiz José Américo Abreu Costa dizendo que não se lembrava do envolvimento dos três acusados que
estavam sendo julgados.
Apreensão
O ex-jornaleiro procurou concentrar as acusações no fazendeiro
Osmar Teodoro da Silva, que se
encontra foragido desde a época
do crime.
Diante de sucessivas respostas
dizendo que não se lembrava, ele
causou apreensão aos representantes do Ministério Público e ao
principal assistente de acusação, o
deputado federal Luiz Eduardo
Greenhalgh (PT-SP).
Greenhalgh chegou a se levantar
para acompanhar as respostas de
Costa.
O promotor de Justiça Márcio
Thadeu pediu à testemunha que
mantivesse as declarações prestadas anteriormente em juízo.
"O senhor já disse em outras
ocasiões que não consideraria correto pagar sozinho por esse crime", disse o promotor ao ex-jornaleiro.
Confirmação
Mais tarde, porém, ao responder
perguntas mais diretas dos assistentes de acusação, Costa acabou
confirmando a participação de
dois dos acusados, o fazendeiro
Geraldo Paulo Vieira e seu filho,
Adailson Gomes Vieira.
De acordo com Costa, Geraldo
foi um dos intermediadores do
acordo para o crime, e Adailson
depositou em sua conta parte do
dinheiro que o ex-jornaleiro recebeu pelo assassinato e por um
atentado contra o padre realizado
anteriormente, em abril de 1986.
Nesse dia, o Toyota dirigido por
Tavares recebeu cinco tiros. O
atentado foi obra do próprio Costa
e de Vilson Cardoso. Os dois também foram cúmplices no assassinato.
Mas Costa manteve-se firme em
inocentar o fazendeiro Guiomar
Teodoro da Silva. "Eu nunca o vi
antes, não o conheço e não sabia
que ele estava preso", disse.
O fazendeiro Osmar Teodoro da
Silva, um dos irmãos de Guiomar,
foi o principal acusado pelo
ex-jornaleiro.
"Meus contatos eram todos com
o Osmar. Não me lembro de quem
participou dos outros encontros."
Ao final de seu testemunho, Costa declarou ao juiz que, se algo
acontecesse com seus parentes em
Goiânia, os responsáveis seriam
Geraldo e Adaílson, que lhe teriam
mandado recados com ameaças.
Os advogados de defesa protestaram contra as intervenções do
Ministério Público, dizendo que a
testemunha estava sendo induzida
nas perguntas.
O juiz afirmou que não viu indução.
Vingança
Sebastião Teodoro da Silva, irmão de Guiomar e Osmar, havia
morrido baleado em um conflito
na região uma semana antes da
morte do padre.
Mas os acusados negaram ter
tramado a morte do padre e também disseram desconhecer se o
crime tinha conotação de vingança pela morte de Sebastião.
Guiomar Silva chegou a chorar
enquanto era interrogado.
Entre as peças do processo lidas a
pedido da defesa, chamou a atenção dos jurados uma denúncia do
Ministério Público de Itaguatins
(TO), acusando o padre Josimo
Tavares e outras cinco pessoas de
participação no assassinato de
duas pessoas numa emboscada no
Bico do Papagaio, em um conflito
de terra ocorrido na região em 84.
O julgamento está previsto para
terminar na tarde de hoje.
(IRINEU MACHADO)
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