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Junto com outros cinco
agricultores, ele é acusado
de matar policial
Frei sem terra passa a
cumprir pena em regime
aberto
AUGUSTO GAZIR
enviado especial a Porto Alegre
Enquanto o líder do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) José Rainha Jr.
corre o risco de perder a liberdade, sem-terra gaúchos, condenados pela morte de um policial,
começam a reconquistá-la.
José Gowaski, Otavio Amaral,
Idone Bento, Augusto Amaral,
José Algemiro de Campos e Elenir Nunes foram condenados pela morte de um policial na praça
matriz de Porto Alegre, ocorrida
em agosto de 1990.
O policial Valdeci Lopes morreu com um golpe de foice, durante confronto com os sem-terra para a desocupação da praça.
Não se descobriu quem deu o
golpe, mas os trabalhadores rurais foram condenados por estarem envolvidos no conflito.
Gowaski, Otavio e Bento ganharam este mês o direito de
cumprir o final da pena de seis
anos em regime aberto (dormindo na cadeia). Campos -que teve a maior pena (sete anos)- e
Nunes estão em regime semi-aberto. Augusto passa toda a pena
em regime aberto.
Padre
"Sou vítima da Justiça. Passei
todo o tempo inocente. Estou
preso por uma questão ideológica", afirmou Gowaski à Folha.
O sem-terra virou frei franciscano em dezembro do ano passado, quando prestava pena em regime semi-aberto no Instituto
Penal de Mariante, em Venâncio
Aires (100 km de Porto Alegre).
"Não vou dizer que a prisão foi
uma provação. Foi uma experiência, um desafio gratificante.
Criei uma amizade (com os presos), uma fraternidade de irmãos", disse o frei."Sou preso e
tenho que aceitar isso."
O Instituto de Mariante foi um
seminário até o fim da década de
60. Hoje, é uma penitenciária
agrícola tida como modelo pelo
Ministério da Justiça.
Gowaski trabalhava em Mariante na manutenção da capela
do ex-seminário, onde hoje os
presos rezam e participam de
missas. "É uma forma de me
ocupar, tenho que prestar algum
serviço. Se eu chefiasse o seminário, jamais cederia isso aqui (Mariante) para colocar uma cadeia."
Gowaski esteve no seminário
em 92, quando teve um período
de liberdade provisória por causa
de um recurso em seu processo.
"Desde pequeno eu tinha uma
vida religiosa. Tomei a decisão
definitiva quando cumpria pena
no Presídio Central de Porto Alegre", disse ele.
Gowaski e os outros sem-terra
vêm tendo um comportamento
tido como "exemplar". Marco
Scapini, juiz da Vara de Execuções Criminais de Porto Alegre,
afirmou que eles não dão nenhum "incômodo".
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