|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
JULGAMENTO
Advogados do ex-diretor de Orçamento do Congresso dizem que acusadores se contradizem sobre o crime
Defesa de economista alega contradições
Ana Elizabeth Lofrano, mulher de José Carlos, assassinada em 1992
AUGUSTO GAZIR
LUCAS FIGUEIREDO
enviados especiais a Planaltina (DF)
Os advogados de defesa do economista José Carlos Alves dos Santos vão explorar contradições dos
depoimentos das duas principais
testemunhas de acusação para tentar absolver o ex-diretor de Orçamento do Congresso Nacional.
José Carlos é acusado de ter
mandado matar a sua mulher, Ana
Elizabeth Lofrano.
As testemunhas de acusação são
Lindauro da Silva (detetive) e Valdei de Souza (mecânico).
Os dois são assassinos confessos
de Elizabeth e disseram que cometeram o crime a mando de José
Carlos.
Em seus diferentes depoimentos
à polícia e à Justiça, eles se contradizem e divergem sobre os procedimentos do preparativo e da execução do assassinato.
"Vou mostrar aos jurados que,
com tantas contradições, eles não
podem estar falando a verdade.
Quem se contradiz, mente", afirmou Heraldo Paupério, um dos
advogados de defesa.
"Isso é uma linha de defesa, não
enfraquece a acusação. Vou esperar a hora para debater no plenário", afirmou o promotor Zacharias Mustafa.
O promotor acusa José Carlos de
matar a mulher para ficar com a
amante Crislene Oliveira.
Queima de arquivo
A argumentação da defesa é que
os mandantes são os "anões do
Orçamento" (parlamentares denunciados por José Carlos como
corruptos).
O objetivo seria "queima de arquivo". Os parlamentares, diz José
Carlos, temiam que Ana Elizabeth
contasse o que sabia sobre as fraudes no Orçamento. O economista
relatava à mulher as irregularidades que ele e os parlamentares executavam.
"Não vamos apresentar provas.
Vamos apresentar indícios mais
fortes (contra os 'anões') do que os
indícios que existem contra José
Carlos", disse Joaquim Flávio
Spindula, advogado de defesa.
"Ainda aguardo esses indícios.
Bomba, até agora, só se for no prédio (do Fórum de Planaltina)",
ironizou o promotor Mustafa.
Spindula e Mustafa vêm discutindo durante o julgamento por
causa de uma entrevista que o promotor deu ao telejornal "DF TV",
da Rede Globo. O advogado queria
exibir a gravação no tribunal, mas
Mustafa vetou.
Na entrevista à TV, segundo
Spindula, Mustafa admitiu a possibilidade de participação de políticos no assassinato. O promotor
disse que fez a afirmação em tom
de ironia.
O dia de ontem do julgamento se
resumiu a leitura de parte das
4.000 páginas do processo. O promotor pediu a leitura de vários trechos do documento.
Ex-deputado
O advogado Safe Carneiro, que
trabalhou para o ex-deputado João
Alves (um dos "anões"), está
acompanhando o julgamento em
Planaltina (40 km de Brasília).
A Folha apurou que Carneiro,
semanas atrás, procurou os advogados de defesa de José Carlos para
saber se o ex-deputado seria atacado durante o julgamento.
O advogado negou estar acompanhando o julgamento a mando
de João Alves. "Ele deixou de ser
meu cliente há três meses."
Carneiro afirmou que está em
Planaltina para escrever um artigo
para o jornal "Correio Braziliense".
Aceno
Ao entrar ontem no tribunal, José Carlos acenou para o filho
Eduardo Alves, sentado na primeira fila da platéia. O filho respondeu ao cumprimento.
"Acredito no meu pai e nada
mais", afirmou ele.
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|