São Paulo, quinta-feira, 28 de julho de 2005

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Eunício e ex-funcionária rejeitam suas participações em saques no Rural

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DO ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA

O ex-ministro das Comunicações e deputado Eunício Oliveira (PMDB-CE) contestou ontem reportagem publicada pela Folha relatando que uma ex-funcionária de seu gabinete fez várias visitas à agência do Banco Rural em Brasília, local onde Marcos Valério de Souza operaria o suposto esquema do "mensalão".
Afirmando que a ex-funcionária Cláudia Luiza de Morais tinha conta no banco e ia à agência tratar de questões particulares -versão corroborada por ela-, Eunício disse que o relato transmite a sensação ao público de que ele estaria envolvido no esquema.
Cláudia foi à agência do Rural 20 vezes em 2003, quando era funcionária do gabinete de Eunício, e 33 vezes em 2004. Ela saiu do gabinete do deputado em janeiro de 2004 e depois foi incorporada ao gabinete de Mauro Benevides (CE), correligionário dele.
No dia 17 de dezembro de 2003, ainda assessora de Eunício, Cláudia esteve no Banco Rural em Brasília. Nesse dia, na mesma agência, Simone de Vasconcelos, funcionária de Valério, foi responsável por saques que tinham como beneficiários o deputado Carlos Rodrigues (R$ 150 mil), do PL, o ex-tesoureiro do PL Jacinto Lamas (R$ 100 mil) e Roberto Costa Pinho (R$ 100 mil), na época assessor do ministro da Cultura, Gilberto Gil. Em depoimento na Polícia Federal, Simone disse que também entregava dinheiro a "estranhos" que chegavam à agência.
"Foi uma indignidade, um absurdo o que fizeram comigo. Não tenho nada, absolutamente nada a ver com essa história. Podem quebrar o meu sigilo, o de Marcos Valério, podem quebrar tudo, nunca vi essa pessoa na minha vida", disse Eunício.
Na agenda de Fernanda Karina Somaggio, ex-secretária de Valério, há uma anotação sobre encontro que seria realizado entre ele e Eunício, que diz que o encontro não ocorreu devido a votações que se estenderam na Câmara.
Eunício acrescenta ainda que mal conhecia a ex-funcionária, que só foi indicada para o gabinete a pedido de seu sogro, o embaixador do Brasil em Portugal, Paes de Andrade. Cláudia Morais negou à Folha que sacasse dinheiro para o deputado. Ela disse que ia ao Banco Rural para movimentar a conta de seu ex-marido, que tinha um consultório dentário.


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