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ESPÍRITO SANTO
Empresa teria favorecido governador por meio de um "doc"
Documento mostra depósito de R$ 500 mil para Ignácio
Nestor Muller/"A Gazeta de Vitória"
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Manifestantes lavam a escadaria do
Legislativo Capixaba, durante dia que
foi marcado por discussões sobre o
quórum necessário para o prosseguimento do processo
de impeachment de
José Ignácio |
XICO SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL
O procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, encaminhou ao STJ (Superior Tribunal
de Justiça) cópia de um documento de crédito (conhecido como
"doc") no valor de R$ 500 mil, saído de empresa identificada como
Unitec para a conta do governador José Ignácio Ferreira (sem
partido), do Espírito Santo.
O documento, de março de
1999, é uma das novidades da papelada colhida nas últimas semanas pelo Ministério Público Federal para reforçar o inquérito do
STJ, que tem o ministro Barros
Monteiro como relator.
O governador é acusado, segundo CPI da Assembléia Legislativa
e a Procuradoria da República em
Vitória, de conivência com esquema de cobrança de propina para a
liberação de benefícios fiscais,
constituição de um caixa dois de
campanha e de ter feito empréstimo bancário irregular.
A transferência de dinheiro
-do Banco Cooperativo do Brasil para o Banco do Estado do Espírito Santo- é investigada pela
Polícia Federal. Os policiais querem saber, por exemplo, a quem
pertence a empresa Unitec que fez
o depósito -uma companhia homônima que atua no Estado nega
envolvimento no caso.
O Banco Central também deve
participar da investigação, pois há
suspeita de transações com contas fantasmas -possível crime de
falsidade ideológica.
José Ignácio nega as acusações
da CPI. Em sua defesa, diz que o
seu nome não foi envolvido diretamente em nenhuma denúncia.
O governador também argumenta que afastou todos os suspeitos, incluindo a primeira-dama, Maria Helena Ruy Ferreira.
Nos documentos enviados ao
STJ, Brindeiro vê indícios de corrupção e relata a compra de imóveis pela família de José Ignácio.
"Os dados colhidos indicam
que a Coopetefes (Cooperativa de
Economia e Crédito Mútuo dos
Servidores da Escola Técnica Federal) teria realizado uma série de
pagamentos e depósitos para servidores do alto escalão do governo estadual, além de ter financiado a compra de vários imóveis em
nome de parentes do governador,
como sua esposa, Maria Helena
Ruy Ferreira", diz o procurador-geral em ofício protocolado no
STJ às 14h20 de 25 de julho.
Entres os documentos enviados
por Brindeiro constam também
recibos das construtoras responsáveis pelos imóveis adquiridos
pela primeira-dama. A firma Primordial Empreendimentos Imobiliários, em resposta ao Ministério Público Federal, confirma que
recebeu R$ 10.866,00 da mulher
de José Ignácio.
O dinheiro para as transações
imobiliárias, ainda segundo os
documentos enviados ao STJ, saiu
também de conta do Bancoob, ligado à Coopetefes. O titular da
conta, no caso dos imóveis, é Raimundo Benedito de Souza Filho,
conhecido como Bené, um dos
colaboradores e tesoureiro informal da campanha política de José
Ignácio, segundo informações da
CPI da Assembléia capixaba.
Fantasia de carnaval
Bené pagava a compra de imóveis da família Ignácio e bancava
várias despesas menores e de rotina, como a compra de uma fantasia de carnaval para um dos filhos
de Ignácio -patrocínio semelhante ao que era executado por
PC Farias à família do ex-presidente Fernando Collor, que sofreu impeachment em 1992.
A tática de defesa de PC -dizia
que o dinheiro era resultado de
sobras de recursos da campanha
eleitoral- era a mesma utilizada
agora pelos defensores do governador José Ignácio.
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