JOÃO CARLOS SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL

Procedimento aberto ontem pelo Ministério Público de São Paulo vai investigar o uso de carros oficiais por prefeitos e vereadores que foram anteontem a um ato de apoio ao candidato do PPB ao governo, Paulo Maluf.
O procedimento investigatório foi aberto após a Folha revelar ontem que nove veículos de seis prefeituras e Câmaras do interior e de Itapecerica da Serra (Grande São Paulo) foram flagrados em ruas próximas a um comitê suprapartidário de Maluf em São Paulo.
Dentro do comitê, prefeitos e vereadores declararam apoio a Maluf durante um almoço.
Do lado de fora, a reportagem também encontrou carros de Artur Nogueira, Cafelândia, Agudos, Várzea Paulista e Jarinu. Todos foram fotografados.
No caso de Itapecerica da Serra, o uso de carros é também investigado pela prefeitura e deverá ser apurado pelo PSDB devido à presença no almoço do presidente da Câmara, o tucano Valdomiro de Freitas Dias.
"O uso de carro já não é correto. E ter gente do partido [no almoço de apoio a Maluf] é pior ainda. Devemos lealdade ao partido", disse o prefeito de Itapecerica, Lacyr Baldusco (PSDB).

Enganado
Freitas Dias disse anteontem que foi ao almoço "enganado", pois imaginava ter um encontro com um candidato a deputado estadual. Ele negou o uso do carro oficial, mas não informou à reportagem quem poderia estar com o veículo da Câmara. O carro é de uso exclusivo do presidente do Legislativo municipal.
Segundo o Ministério Público, o procedimento aberto visa recolher provas e identificar agentes públicos que usaram os carros oficiais, ato vetado pela lei 9.504. A regra trata da conduta que agentes públicos devem assumir durante campanhas eleitorais.
Procedimentos investigatórios semelhantes já foram abertos neste mês pela Promotoria para apurar o uso de carros oficiais também em eventos dos candidatos ao governo José Genoino (PT) e Geraldo Alckmin (PSDB).

Carapuça
"Na próxima vez vou dizer: tem repórter e fotógrafo da Folha, pelo amor de Deus não venham de carro oficial", disse ontem Maluf sobre a investigação aberta pelo Ministério Público.
Ao comentar a questão, o pepebista atacou Alckmin devido às denúncias de irregularidade na campanha do atual governador. Antes, ele já havia dito que Alckmin "vestiu a carapuça de banana" ao contestar programa eleitoral da Frente Trabalhista que fez menção ao termo sem fazer referência a nenhum candidato.


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