São Paulo, Sábado, 28 de Agosto de 1999
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PÓS-MARCHA
Presidente lança projeto "Avança Brasil, PPA 2000", que pretende dobrar o valor das exportações
FHC tenta reação e anuncia novo plano

da Sucursal de Brasília

Diante de uma platéia de 300 convidados e de todo o ministério, o presidente Fernando Henrique Cardoso tentará marcar o reinício de seu governo com o lançamento do Plano Plurianual de Investimentos para os próximos anos, batizado de ""Avança Brasil, PPA 2000", na terça-feira.
O nome recupera o título do programa de governo que FHC apresentou na última campanha eleitoral. A intenção do Planalto é mostrar que as promessas de campanha serão tiradas do papel.
Em julho, o presidente realizou uma reforma ministerial com as mesmas finalidades: marcar o início do segundo mandato, afetado pela crise econômica, e melhorar a baixa popularidade.
O lançamento do Plano Plurianual é também um contra-ataque ao protesto popular que FHC enfrentou anteontem. A "Marcha dos 100 Mil", organizada por partidos de oposição e entidades da sociedade civil, reuniu entre 40 mil (segundo o governo do Distrito Federal) e mais de 100 mil pessoas (segundo os organizadores). Projeções feitas pela Folha indicaram cerca de 75 mil pessoas.
"A grande lição que o governo vai tirar da marcha é que não vai mais ficar a reboque de fatos criados pela oposição. Vai tomar a iniciativa da ação política", resumiu ontem o líder do governo no Senado, José Roberto Arruda (PSDB-DF).
O Plano Plurianual mantém a prioridade dada pelo programa eleitoral ao ajuste fiscal. E dá ênfase especial à meta -praticamente inatingível- de elevar as exportações de pouco mais de US$ 50 bilhões para US$ 100 bilhões anuais até o final do governo.
Para contornar a escassez de recursos públicos determinada pelas metas do ajuste fiscal negociado com o FMI (Fundo Monetário Internacional), o governo espera contar com dinheiro da iniciativa privada para bancar os investimentos de infra-estrutura e até sociais considerados necessários ao desenvolvimento do país.
A participação da iniciativa privada estimada no plano é maior que a dos recursos do Orçamento da União.
Para atrair investimentos privados, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) pagou cerca de R$ 15 milhões por um estudo que identifica ""oportunidades de investimento" no país.
Ocorre que o governo ainda não tem certeza se esses investimentos privados vão se realizar.
Detalhes do projeto ainda estavam sendo fechados ontem pelo Ministério do Planejamento. A proposta original foi revista para adaptar os projetos às reivindicações dos Estados.
As propostas do PPA orientarão os orçamentos da União para os próximos quatro anos.

Previsões erradas
Na primeira tentativa de um planejamento de investimentos de longo prazo, o PPA para o período 1996-1999, imaginava-se que neste ano a economia estaria crescendo 5% -e não encolhendo 1%, como se estima hoje.


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