São Paulo, quinta-feira, 28 de setembro de 2000

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OPERAÇÃO COBRA
Para Polícia Federal, guerrilheiros teriam invadido fronteira para fazer recrutamento de militantes
PF apura ação das Farc em solo brasileiro

ELVIRA LOBATO
ENVIADA ESPECIAL A TABATINGA

A Polícia Federal investiga a informação de que integrantes das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) teriam invadido a fronteira do Brasil para recrutar militantes na região conhecida como "Cabeça do Cachorro", no extremo norte da fronteira.
Segundo o diretor-geral da PF, Agílio Monteiro Filho, aumentou o trânsito de colombianos naquela região desde que foi anunciado o Plano Colômbia de combate ao narcotráfico e à guerrilha.
Ainda não haveria confirmação de que os invasores sejam guerrilheiros, embora haja "rumores" sobre o assunto. "Pode ter de tudo, inclusive pessoas simples, fugindo de uma situação adversa", ressalvou Monteiro Filho.
A Polícia Federal tem informações, não confirmadas, de que as Farc teriam aliciado cerca de 600 pessoas na região, nos dois países.
A repressão à entrada clandestina de colombianos nas regiões do Alto Solimões e Cabeça do Cachorro está entre os objetivos da Operação Cobra, lançada ontem pelo Ministério da Justiça.
A operação visa reforçar o policiamento nos 1.644 km de fronteira e evitar imigração em massa de trabalhadores, guerrilheiros e traficantes com o Plano Colômbia.
Sobre a possibilidade de invasão, o diretor-geral da PF respondeu: "Tanto há, que estamos aqui". As ações de combate ao tráfico e à guerrilha no país vizinho devem começar no início do ano.
Prevista para durar três anos, a Operação Colômbia mobiliza 180 agentes da PF. Um avião e um helicóptero farão inspeções diárias em toda a região e 15 embarcações fiscalizarão os rios. Não há estradas na região, coberta por selva fechada e quase despovoada.
O ministro José Gregori e o diretor-geral da PF lançaram a Operação Cobra na base Anzol da Polícia Federal, onde são fiscalizadas as embarcações que vão a Manaus pelo rio Solimões. Horas antes, a PF apreendeu 4 kg de pasta-base de cocaína não refinada, em poder de dois peruanos que moram em Tabatinga. Eles teriam recebido R$ 400,00 para levar a droga até a cidade de Coari.

Guerrilha
Informações sobre a possível movimentação de guerrilheiros no Brasil chegaram à Presidência da República por intermédio da Abin (Agência Brasileira de Inteligência). A Abin tem uma representação em Tabatinga, que repassa informações de autoridades colombianas em Letícia.
Segundo o representante da Abin em Tabatinga, a polícia federal da Colômbia identificou três bases de uma facção das Farc denominada Frente Amazônica nos Departamentos (Estados) do Amazonas e Uaupés, na fronteira com o Brasil. Oito guerrilheiros já foram presos pela polícia colombiana em La Pedrera, perto da localidade brasileira de Bitencourt.
O superintendente da Polícia Federal em Manaus, Lacerda Carlos Júnior, que participou da inauguração da Operação Cobra, disse que a PF está cadastrando os estrangeiros que migraram clandestinamente para a Amazônia.
Foram identificados 500 peruanos que se aposentaram pelo INSS com documentos falsos comprados em cartórios brasileiros. As aposentadorias irregulares teriam sido descobertas pela Previdência e a polícia tenta identificar os responsáveis.


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