São Paulo, sábado, 28 de setembro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Ciro compara privatização à cocaína

DA REPORTAGEM LOCAL

Depois de ter sua queda nas pesquisas atribuída a declarações polêmicas, o candidato do PPS à Presidência, Ciro Gomes, fez uso ontem de uma imagem controversa para ilustrar as desvantagens causadas pelas privatizações realizadas no país.
"A Telesp virou Telefonica sem acento. Maravilhoso. Tudo bem, não tenho nada contra. Expandir investimento, ficou mais fácil a gente encomendar um telefone. Legal, essa é a parte boa. Cocaína, dizem que tem também. Cocaína tem uma parte boa também, dizem. Sei lá, aquela falsa euforia, aquela falsa alegria. É um pouco isso. Claro, até mal comparando", afirmou, durante sabatina promovida ontem pelo jornal "O Estado de S. Paulo".
A declaração provocou uma movimentação discreta entre alguns assessores da Frente Trabalhista, que chegaram a fazer caretas, em sinal de desaprovação.
O candidato disse ainda acreditar na possibilidade de que o crime organizado possa estar envolvido no financiamento de campanhas eleitorais. "Não duvidem de que já deve estar se entranhando no financiamento de campanhas", disse. "Uma ameaça de colombização do país. Com todo o respeito à Colômbia legal, estou falando da Colômbia das Farc."
Restabelecendo a posição de confronto com o FMI (Fundo Monetário Internacional) que havia quase abandonado durante sua permanência na segunda colocação nas pesquisas, voltou ontem a criticar a instituição. ""Esse receituário que o FMI está nos impondo é o beijo da morte."
Prometeu rediscutir o acordo firmado com o fundo na primeira reunião de revisão prevista pelo contrato. "Vou convencer o FMI de que eles não podem tentar fazer com a economia brasileira o que fizeram com a argentina. Haverá uma tensão, mas acredito que venceremos."
Mesmo dizendo-se um "inveterado otimista", previu o retorno da inflação e uma crise de governabilidade caso sejam eleitos seus adversários, uma referência indireta a Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e José Serra (PSDB). Ainda acusou ambos de mentir.
"A economia brasileira está indo para o vinagre. A inflação está batendo na porta e vem aí."
Acompanhado pelo vice Paulo Pereira da Silva, Ciro afirmou que o filósofo Roberto Mangabeira Unger, coordenador de seu programa de governo que propôs sua renúncia em favor de Lula, estava "preocupado" com o desdobramento eleitoral, mas negou que o filósofo vá apoiar o petista. "Fofoca, maricotice."
Defendeu ainda a reestruturação do Mercosul e afirmou que, se eleito, pretende transformar o bloco em uma "única nação", com uma única moeda".



Texto Anterior: Campanha: Em crise, Ciro lança programa sem aliados
Próximo Texto: Serra consegue resposta contra Frente
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.