São Paulo, sábado, 28 de setembro de 2002

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CAMPANHA

Petista afirmou a dissidentes do PMDB do Rio que não precisavam ficar constrangidos por chegar no "final do baile"

Na nossa festa, todos são bem-vindos, diz Lula

SABRINA PETRY
DA SUCURSAL DO RIO

"Na nossa festa, mesmo quem chegar quando ela já tiver terminado, será bem-vindo." Foi dessa forma que o presidenciável Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recebeu dissidentes do PMDB do Rio, que, a nove dias das eleições, declararam apoio à sua candidatura.
Cerca de 150 integrantes do partido, liderados pelo secretário-geral da executiva estadual, deputado estadual Jorge Picciani, lançaram ontem um manifesto de apoio a Lula. Entre os dissidentes estão outros quatro deputados estaduais, o prefeito de Itatiaia e cerca de 60 vereadores da Baixada Fluminense e do interior.
"Queria dizer a vocês que estão tomando essa decisão a nove dias da eleição, que não ficassem constrangidos de dizer "nós estamos chegando na festa quando o baile já está terminando'", disse Lula. O PMDB do Rio apóia formalmente o candidato José Serra (PSDB).
Lula elogiou os presentes, dizendo que "não é apenas dentro do PT que tem gente boa. Tem muita gente boa e séria fora do PT, em outros partidos". Lembrou a importância do MDB na criação do PT. "Grande parte dos políticos petistas começou fazendo política no PT, mas grande parte já fez política no MDB. Foi com gente oriunda do MDB que foi possível criarmos o PT."
O presidenciável discursou sobre a importância das alianças para garantir sua governabilidade, dizendo que o "grande feito" da sua campanha foi a conscientização de que um país complexo como o Brasil não pode ser governado por um único partido político.
Dissidentes como Jorge Picciani e o deputado estadual André Luiz, vice-presidente da executiva estadual, são importantes no comando da máquina do PMDB. Petistas e peemedebistas acreditam que a mudança beneficiará a candidatura de Benedita da Silva (PT) ao governo, mas não aumentará a votação de Lula no Estado. Picciani disse que eles são capazes de mobilizar 1 milhão de votos.
O presidente do PMDB do Rio, Moreira Franco, minimizou a dissidência: "As pessoas reunidas no ato são inexpressivas e não representam o PMDB do Rio." Mas admitiu que o racha pode repercutir na disputa pelo governo estadual.
Lula disse estar preparado "psicologicamente" para o debate da TV Globo, no dia 3. Afirmou estar ciente de que seus adversários vão atacá-lo, mas não vai revidar. "Estou na minha fase mais tranquila da vida. Vou fazer o que aprendi com a minha mãe: quando um não quer, dois não brigam."
À noite, em comício em Sorocaba (SP), Lula manifestou receio de que possa haver "maracutaias" na reta final da campanha: "O jogo está bom para nós. Estamos atacando quase como o Brasil contra a Alemanha na Copa. Estamos na frente. As possibilidades de ganhar são extraordinárias. Nunca tivemos essa chance. Mas ainda faltam nove dias para as eleições. Não sabemos o que os nossos adversários vão aprontar. Não sabemos se vai ter maracutaia. Não sabemos o que eles podem fazer para baixar o nível da campanha".


Colaborou FÁBIO VICTOR, enviado especial a Sorocaba (SP)



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