São Paulo, sábado, 28 de setembro de 2002

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Empresários no RS pregam voto anti-PT

LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

As cinco principais entidades empresariais gaúchas se uniram em um movimento inédito e estão realizando viagens pelo Rio Grande do Sul para pregar o voto anti-PT. Os encontros tratam oficialmente de discutir economia e política, mas o conteúdo é francamente eleitoral e contra o PT.
Os eventos começaram anteontem em Pelotas, Rio Grande e Passo Fundo. As entidades envolvidas são a Fiergs (Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul), a Federasul (Federação das Associações Empresariais do Rio Grande do Sul), a Farsul (dos agricultores), a Fecomércio e a FCDL (Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas).
"O PT fez do Estado um laboratório e quer tomar conta do Brasil", diz o presidente da Farsul, Carlos Sperotto, que, na administração do petista Olívio Dutra, tem travado verdadeiros duelos com o governo sobre a questão agrária. Sperotto acusa o governo de favorecer ações radicais de sem-terra.
"O PT tem ódio do empresariado. Nosso destino está sendo traçado pelo socialismo que já foi abolido até na Rússia. Se Lula vencer, vamos virar uma Venezuela ou uma Cuba", diz o presidente da Federasul, Paulo Feijó.
"Hoje, o Estado não é mais atraente para investimentos. Isso gera um êxodo permanente de trabalhadores em busca da sobrevivência fora do Rio Grande do Sul", diz, ainda, o presidente da Fiergs, Renan Proença.
Um dos casos mais citados é o da saída da Ford do Rio Grande do Sul. Quando assumiu, em 1998, Olívio quis renegociar os termos para a instalação da montadora no Estado -que preferiu ir para a Bahia, onde recebeu um pacote de incentivos fiscais.
Os líderes empresariais conclamaram os empresários que participaram das reuniões a contribuir financeiramente com os adversários do PT. Encontros semelhantes a esses ocorrerão em outros locais nos próximos dias.
Questionado a respeito de tal atitude pela Agência Folha, o candidato do PT ao governo gaúcho, Tarso Genro, procurou não polemizar com os empresários.
"É natural o empresário participar da política e defender seus candidatos. Esses empresários não representam a totalidade do empresariado. Muitos estão conosco. De qualquer forma, essa atitude deles não vai tirar minha capacidade de diálogo com eles para fazermos juntos um projeto", disse ele, procurando reforçar uma imagem de "pluralidade" que seu governo teria.


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