São Paulo, quarta-feira, 28 de setembro de 2005

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Fim do "Lulão" é milagre, diz Incra da Bahia

DO ENVIADO AO SUL DA BAHIA

Marcelino Galo, superintendente baiano do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), admite que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez uma promessa sem ter ciência de todo o processo de reforma agrária no extremo sul da Bahia. Afirma, porém, que a extinção do "Lulão" por meio de cinco novas áreas de assentamento é um "milagre" a ser comemorado.
"O presidente é o presidente. Mesmo não conhecendo a fundo a nossa realidade local, ele manda, e nós temos de correr atrás", disse à Folha, enquanto acompanhava a preparação da visita do presidente Lula. Dois assentamentos foram entregues aos sem-terra no mês passado, e os três restantes, na semana passada.
De acordo com Galo, superintendente com o maior índice de desapropriações no governo petista, a expansão da pecuária e das plantações de eucaliptos patrocinadas pelas fábricas de celulose aumentou a escassez de áreas passíveis de reforma agrária na região. "O processo de reforma agrária é muito longo e complicado, ainda mais nessa região. Essas cinco áreas foram um verdadeiro milagre. O "Lulão" não existe mais. Todos serão assentados."
Ontem, o superintendente regional do Incra disse que "logo, logo" todas as famílias que deixaram o "Lulão" terão seu registro de beneficiário e, assim, poderão acessar os créditos de implantação (R$ 2.400) e habitação (R$ 5.000). "Antes da RB [relação de beneficiário] todas vão passar por uma triagem, para eliminar aqueles que possuem outra terra ou sejam funcionários públicos, por exemplo", disse.

Histórico
Criado em 25 de março de 2003, em Santa Cruz Cabrália, às margens da rodovia que liga Porto Seguro a Eunápolis, o "Lulão" foi extinto ontem à tarde, quando as últimas famílias deixaram o local rumo a áreas recém-desapropriadas pelo governo.
No local, restaram pedaços de lona preta, que não puderam ser levados, e cinzas de eucaliptos. Segundo alguns dos sem-terra, a sensação não é de que a situação vai melhorar, justamente pela falta de infra-estrutura nas áreas disponibilizadas pelo Incra. (EDS)

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