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Ministros do STF batem boca em sessão transmitida pela TV
Barbosa acusou Mendes de querer adotar "jeitinho" em decisão sobre servidores de MG; ele respondeu que o colega não tinha condições de dar "lição de moral"
SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar
Mendes e Joaquim Barbosa
protagonizaram ontem um bate-boca público, com ofensas
das duas partes, durante a sessão plenária, que foi transmitida ao vivo pela TV Justiça.
No momento mais tenso,
Barbosa acusou o colega de pretender adotar o "jeitinho" para
mudar o resultado de um julgamento já concluído e, com isso,
beneficiar servidores de Minas
Gerais contratados ou promovidos de forma irregular. Mendes retrucou dizendo que o colega não tinha condições de lhe
dar "lição de moral".
A polêmica girou em torno da
possibilidade de eles suspenderem o efeito retroativo de uma
decisão de anteontem, em que
eles declararam inconstitucional, desde a sua edição, em
1990, lei mineira que criou o estatuto dos servidores estaduais
e facilitou a contratação, como
funcionário efetivo, de ocupante de cargo de confiança. Para
isso, bastava a pontuação mínima em concurso público.
A discussão começou quando
Mendes propôs reabrir o julgamento do dia anterior para declarar a lei inconstitucional a
partir de agora, o que validaria
as contratações feitas antes.
Inicialmente, Barbosa contestou o fato de não ter sido
consultado antes sobre a proposta, já que é o relator da ação.
"Senhora presidente [dirigindo-se à ministra Ellen Gracie],
não temos que consultar colega
algum para solicitar questão de
ordem", disse Mendes.
"Nem que fosse por cortesia", respondeu Barbosa. Depois defendeu que fosse mantido o efeito retroativo da decisão, aprovado no dia anterior.
"Ministro Gilmar, me perdoe a
palavra, mas isso é jeitinho. Temos que parar com isso."
Ocorreu então o seguinte
diálogo: "Vossa Excelência não
pode pensar que pode dar lição
de moral aqui", disse. "Eu não
quero dar lição de moral", afirmou Barbosa. "Vossa Excelência não tem condições", retrucou Mendes. "E Vossa Excelência tem?", indagou Barbosa.
Nesse ponto, um pedido de vista de Ricardo Lewandowski
adiou o julgamento.
Barbosa já bateu boca em
sessão plenária com o ministro
Marco Aurélio Mello e com o
ministro aposentado e ex-presidente do STF Maurício Corrêa. Em 2006, acusou Corrêa
de tentar exercer tráfico de influência em favor de um cliente
em processo de desapropriação. Corrêa confirmou ter ligado para Barbosa, mas disse que
só queria saber quando ele levaria o caso a julgamento. O
episódio causou protestos de
advogados contra Barbosa.
Em 2004, Marco Aurélio
chamou Barbosa para resolver
"na rua" um desentendimento,
porque se sentira pessoalmente agredido. "Para discutir mediante agressões, o lugar não é o
plenário do STF, mas a rua."
Na época, o clima estava acirrado porque Barbosa havia acusado o colega de ter decidido
um habeas corpus do qual ele
[Barbosa] era relator. Mello
disse que o caso era urgente e
que apreciou o pedido porque o
relator estava viajando.
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