|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ELEIÇÕES 2008 / RUMO A 2010
Planalto quer dinamitar líderes da oposição
Idéia do governo é aproveitar eleições do próximo domingo para manter sob controle aliados com expressão nacional
Entre os objetivos principais estão reduzir o domínio de Serra em São Paulo e no PSDB e tratorar o DEM nos redutos de seus caciques
LETÍCIA SANDER
ALAN GRIPP
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
De olho na disputa presidencial de 2010, o Palácio do Planalto busca nas eleições do próximo domingo dinamitar a força de líderes de oposição e
manter sob o seu controle as
aspirações de aliados com expressão nacional.
Figuram como objetivos
principais enfraquecer o domínio do governador José Serra
em São Paulo e no PSDB, tratorar o DEM nos redutos de seus
caciques, asfixiar senadores de
oposição incômodos e inviabilizar o crescimento da ex-senadora Heloísa Helena (PSOL).
Ao governo também interessa o fracasso da configuração
do "bloquinho" de esquerda
(PSB, PDT, PC do B, PMN e
PRB) como força significativa
independente -no caso, encabeçada por um aliado, o ex-ministro Ciro Gomes (PSB).
Estas metas foram traçadas
por colaboradores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva que
acompanham o andamento da
campanha municipal. Na metade dos 26 Estados, a estratégia é
tentar vencer nas urnas pelo
menos 16 figuras de peso que
disputam a eleição ou emprestam seu prestígio a nomes locais da oposição.
No Nordeste, as movimentações significativas ocorrem na
Bahia, no Ceará, em Pernambuco e no Rio Grande do Norte.
Neste último, o foco recai sobre
o senador José Agripino
(DEM-RN), líder do principal
partido de oposição no Senado.
O governo tenta, a partir destas
eleições, consolidar um pólo
reunindo PT, PSB e PMDB
contra o senador no Estado.
Lula se envolveu pessoalmente na disputa em Natal
-fez comício tentando diluir a
dianteira de Micarla de Souza
(PV), a candidata de Agripino,
que concorre contra a petista
Fátima Bezerra. Micarla, até
agora, é líder nas pesquisas.
"É um retrato da política praticada com arrogância. Lula foi
líder de oposição a vida inteira
e foi respeitado como tal. Agora, do alto da popularidade dada pelos bons ventos da economia, quer eliminar do mapa
aqueles que fazem contraponto
ao governo", critica Agripino.
No Ceará, o alvo é o senador
Tasso Jereissati (PSDB). Para
enfraquecê-lo, os governistas
apostam na reeleição da prefeita Luizianne Lins em Fortaleza
com o apoio do governador Cid
Gomes (PSB). Luizianne, segundo as pesquisas, pode vencer no primeiro turno, deixando para trás Moroni Torgan, do
DEM, e a senadora Patrícia Saboya (PDT), coligada com
PSDB e PTB, e que tem o apoio
informal do ex-marido, Ciro.
Estrela do "bloquinho", o
aliado Ciro é uma espécie de alvo indireto do Planalto nestas
eleições. O governo e sobretudo
o PT temia que se estas agremiações de esquerda se consolidassem com força nas urnas,
Ciro sairia fortalecido como alternativa a PT e PMDB para
disputar as eleições de 2010.
Mas o bloquinho não vingou.
Na Bahia, o governo tenta
impor ao DEM a principal derrota até hoje, abrindo caminho
para o PT do governador Jaques Wagner e o PMDB do ministro Geddel Vieira Lima (Integração Nacional). Em Salvador, o deputado federal ACM
Neto (DEM) deve ir para o segundo turno contra Walter Pinheiro, do PT, ou João Henrique, do PMDB.
O cenário na segunda maior
cidade do Estado, Feira de Santana, é de revés a governistas,
com o DEM na frente.
Em Pernambuco, os alvos
são os senadores Jarbas Vasconcelos (PMDB), Marco Maciel (DEM) e Sérgio Guerra
(PSDB). Em Santa Catarina, o
sucesso da estratégia governista contra o ex-presidente do
DEM Jorge Bornhausen depende do resultado em Florianópolis e Joinville -o cenário
até agora é incerto.
Outros três senadores com
atuação incômoda para o governo em Brasília estão na mira: Arthur Virgílio (PSDB-AM),
Kátia Abreu (DEM-TO) e Marconi Perillo (PSDB-GO).
Virgílio vem de um resultado
ruim em 2006, quando obteve
menos de 6% dos votos na candidatura a governador, ficando
em terceiro. Hoje, o PSDB não
encabeça chapa em Manaus -
está na coligação de Serafim
Corrêa, do PSB, que aparece em
terceiro lugar nas pesquisas.
No Rio, o objetivo é consolidar a aproximação com o
PMDB do governador Sérgio
Cabral (PMDB) e derrotar o
prefeito Cesar Maia (DEM),
que não emplacará sua candidata, Solange Amaral, no segundo turno. Em Niterói, onde
o PT governa, Jorge Roberto
Silveira (PDT) deve ganhar no
primeiro turno.
Empenho
Em São Paulo, além de tentar
eleger Marta Suplicy, Lula se
empenha na tentativa de assegurar vantagem ao PT na Grande São Paulo. Ontem, foi a comício em Guarulhos, onde o
candidato do PT é Sebastião Almeida. O presidente afirmou ao
público que nenhum prefeito
ou governador do Brasil pode
reclamar dele. "Porque repassei dinheiro independentemente de partido", disse. "Pergunte ao Serra [governador de
São Paulo] se o Fernando Henrique deu mais dinheiro para
o Mario Covas do que eu."
Em Minas, ao mesmo tempo
em que interessa ao governo
fortalecer Aécio Neves como
pólo de disputa no PSDB, o Planalto busca a vitória de aliados
em municípios da região metropolitana como Contagem e
Betim, e em cidades relevantes
como Juiz de Fora. Candidata a
vereadora em Maceió, a ex-senadora Heloísa Helena (PSOL)
é outro alvo do Planalto. Em
2006, ela ficou em terceiro lugar na disputa presidencial.
Texto Anterior: Eleições 2008 / Fortaleza: Luizianne abre 25 pontos de vantagem sobre Moroni Próximo Texto: Eleições 2008 / Rio de Janeiro: Paes prefere Crivella a Gabeira no 2º turno Índice
|