São Paulo, terça, 28 de outubro de 1997.




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IMPASSE
Se sigla não se aliar ao PDT no Estado, líder deve desistir de disputar a Presidência em 98
PT do Rio vai definir futuro de Lula

CARLOS EDUARDO ALVES
da Reportagem Local

A eventual candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência da República em 98 está nas mãos do PT fluminense. Se o di retório local não ceder ao PDT a cabeça da chapa que vai disputar o governo do Estado, Lula terá o pretexto que procura para justi ficar a saída do páreo presiden cial.
"Lula é candidato. O problema é que exige condições como a aliança no Rio", afirmou ontem o presidente nacional do PT, José Dirceu. Lula esteve com Dirceu antes da entrevista do dirigente.
Leonel Brizola exige, em troca do apoio a uma candidatura de Lula, que o PT cacife a candida tura do pedetista Anthony Garo tinho ao governo do Rio. Parte expressiva do PT local rechaça a possibilidade de aliança.
"Em 27 Estados, o único em que nos pediram para abrir mão é o Rio", afirmou Dirceu, ao de fender o acordo com o brizolis mo.
Lula condiciona sua eventual candidatura a uma aliança com outras legendas de esquerda. O PDT, na avaliação do petista, é indispensável para sustentar uma campanha presidencial.
"O momento exige um ato de grandeza das oposições", afir mou Aloizio Mercadante, um dos vice-presidentes do PT, ao argumentar pela coligação com o brizolismo no Rio.
"Brizola já fez tudo que é pos sível pela aliança", declarou Dir ceu. Brizola, Lula e Dirceu troca ram telefonemas no fim-de-se mana para tentar um calendário de definições.
A esperança da cúpula petista é que o grupo do deputado federal Carlos Santana, tido como o fiel da balança entre os que querem candidatura própria ou aliança no Rio, opte pelo acordo eleito ral com o PDT.
Lula, que completou 52 anos ontem, tinha embarque previsto à noite para a Alemanha. A agen da prevê encontros com sindica listas, e a volta está marcada para o próximo domingo.
No início de novembro, o PT vai pedir, em reunião em Recife, que PSB e PC do B se manifestem sobre apoio ou não a Lula.
"Depois da vitória da oposição na Argentina, seria burrice a es querda não se unir no Brasil", afirmou Dirceu.
Lula, que voltou ao país na últi ma sexta-feira, está aproveitan do as sucessivas viagens para fu gir das pressões por uma defini ção rápida sobre candidatura.
A avaliação do grupo mais pró ximo ao líder é que um recuo se ria mais fácil alguns meses atrás. Agora, seria jogar o PT em nova crise.



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