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MEMÓRIA
Deputado quer advertência em livro
Defesa de tortura por
Geisel gera polêmica
da Sucursal do Rio
A Comissão de Direitos Huma
nos da Câmara enviou aos pesqui
sadores Maria Celina d'Araújo e
Celso Castro, organizadores da
biografia "Ernesto Geisel", um
ofício pedindo a inserção, na obra,
de uma advertência de condena
ção da tortura.
No livro, Geisel, que foi presi
dente do Brasil de 1974 a 1979 e
morreu em 1996, defende a tortura
como necessária em certos casos.
O deputado Luiz Eduardo Gree
nhalgh (PT-SP) disse que recorre
rá à Justiça, se a Editora Fundação
Getúlio Vargas não reproduzir no
livro os incisos 3º e 43º do artigo 5º
da Constituição. Os trechos proí
bem e criminalizam a tortura, que
é crime inafiançável.
"É para que o cidadão, ao ler a
opinião de Geisel, a veja e entenda
como coisa do passado", afirmou
o deputado, autor do requerimen
to aprovado pela comissão.
Alzira de Abreu, diretora da Edi
tora Fundação Getúlio Vargas,
disse não se opor à medida, mas
que precisa discutir o assunto com
os organizadores do livro.
"Acho boa essa polêmica que
desperta sentimentos democráti
cos", disse Maria Celina d'Araújo à
Folha. Ela ressaltou que os pesqui
sadores apenas entrevistaram o
presidente, não concordando com
as opiniões que ele expôs.
No livro, Geisel diz que a tortura
"em certos casos torna-se neces
sária para obter confissões".
(WT)
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