São Paulo, terça, 28 de outubro de 1997.




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MEMÓRIA
Deputado quer advertência em livro
Defesa de tortura por Geisel gera polêmica

da Sucursal do Rio

A Comissão de Direitos Huma nos da Câmara enviou aos pesqui sadores Maria Celina d'Araújo e Celso Castro, organizadores da biografia "Ernesto Geisel", um ofício pedindo a inserção, na obra, de uma advertência de condena ção da tortura.
No livro, Geisel, que foi presi dente do Brasil de 1974 a 1979 e morreu em 1996, defende a tortura como necessária em certos casos.
O deputado Luiz Eduardo Gree nhalgh (PT-SP) disse que recorre rá à Justiça, se a Editora Fundação Getúlio Vargas não reproduzir no livro os incisos 3º e 43º do artigo 5º da Constituição. Os trechos proí bem e criminalizam a tortura, que é crime inafiançável.
"É para que o cidadão, ao ler a opinião de Geisel, a veja e entenda como coisa do passado", afirmou o deputado, autor do requerimen to aprovado pela comissão.
Alzira de Abreu, diretora da Edi tora Fundação Getúlio Vargas, disse não se opor à medida, mas que precisa discutir o assunto com os organizadores do livro.
"Acho boa essa polêmica que desperta sentimentos democráti cos", disse Maria Celina d'Araújo à Folha. Ela ressaltou que os pesqui sadores apenas entrevistaram o presidente, não concordando com as opiniões que ele expôs.
No livro, Geisel diz que a tortura "em certos casos torna-se neces sária para obter confissões". (WT)


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